Inundações na África do Sul já causaram a morte de 340 pessoas

  • Lusa
  • 14 Abril 2022

O porto de Durban teve de suspender as suas operações. E grandes fábricas, como a unidade da Toyota em Durban, também tiveram que interromper as atividades.

As inundações registadas desde segunda-feira na província sul-africana de KwaZulu-Natal (no leste do país) já causaram 340 vítimas mortais, prevendo-se que o número continue a aumentar, enquanto prosseguem os trabalhos das equipas de emergência.

Esta quinta as chuvas deram uma trégua à região, mas devem recomeçar amanhã. Por isso, as equipas de emergência e socorro estão a trabalhar para dar abrigo a milhares de pessoas afetadas, procurar dezenas de desaparecidos e prevenir mais danos nas infraestruturas e habitações afetadas.

“Nossos pensamentos estão com o povo de KwaZulu-Natal, que está a ser afetado pelas graves inundações, que já levaram à perda de muitas vidas e destruíram casas, empresas e infraestruturas públicas”, disse o Presidente do país em comunicado emitido esta quinta. Cyril Ramaphosa visitou na quarta-feira as áreas afetadas com as autoridades locais.

Nessa visita, o Presidente descreveu a situação como uma “catástrofe de enormes proporções” e relacionou-a diretamente com as mudanças climáticas. Por esta razão, o governo sul-africano declarou, na quarta-feira noite, o estado de calamidade em KwaZulu-Natal, o que permitirá à região aceder a recursos especiais do Estado para fazer face aos danos.

O último balanço de vítimas mortais, confirmado esta tarde em conferência de imprensa virtual pelo chefe de governo da província, Sihle Zikalala, ascende a 340, mas não está descartada a possibilidade de que este número venha a aumentar, dado que muitas pessoas ainda estão desaparecidas.

“O momento e a gravidade da catástrofe das cheias indicam claramente que vivemos tempos de desequilíbrio ecológico, alterações climáticas e degradação ambiental”, refletiu este responsável, depois de admitir que se trata de tempos de “desastre sem precedentes” para a região. Zikalala também estimou que os danos materiais, que ainda não foram quantificados, serão perdas milionárias.

Em pontos como o bairro de Reservoir Hills, moradores que perderam tudo nestas cheias dizem estar a ser ignorados pelas autoridades e fizeram protestos hoje que tiveram de ser dispersados pela Polícia.

O porto de Durban – a zona de transporte de carga marítimo mais importante de todo o continente africano – teve de suspender as suas operações esta quarta-feira e os caminhos-de-ferro da zona também sofreram danos significativos. Grandes fábricas, como a unidade de montagem que a Toyota tem em Durban, também foram completamente inundadas e tiveram que interromper as atividades.

Contingentes policiais foram mobilizados para lidar com tentativas de saques em algumas partes da província e o Exército tem tropas no terreno, para apoiar os esforços de resgate. Na sequência desta catástrofe natural, vários líderes do continente africano manifestaram a sua solidariedade para com a África do Sul e enviaram mensagens de condolências.

“Meus pensamentos estão com Cyril Ramaphosa e os camaradas sul-africanos, que foram afetados pelas fortes chuvas e inundações nos últimos dias. A Etiópia solidariza-se neste momento difícil”, postou hoje o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, na sua conta na rede social Twitter.

KwaZulu-Natal tem vindo a registar um aumento deste tipo de desastres climáticos nos últimos anos. O mais grave ocorreu em 2019, quando chuvas torrenciais e inundações deixaram cerca de 80 mortos, precisamente nesta época do ano.

Além disso, KwaZulu-Natal ainda está a lidar com a desolação causada pelos graves distúrbios que a África do Sul experimentou em julho de 2021, e que foram vividos com maior intensidade precisamente nesta província. Ali, registaram-se 275 dos 354 mortos que resultaram daqueles incidentes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Inundações na África do Sul já causaram a morte de 340 pessoas

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião