S&P melhora “rating” da TAP, mas mantém avaliação de elevado risco
A Standard & Poor's melhorou a notação de risco da TAP SA em dois níveis, para "B+", refletindo a melhoria da liquidez da companhia na sequência da aprovação das ajudas de Estado por Bruxelas.
A Standard & Poor’s melhorou a notação de risco da TAP SA em dois níveis, de “B-” para “B+”, refletindo a melhoria da liquidez da companhia na sequência da aprovação das ajudas de Estado por Bruxelas. A perspetiva é “estável”, o que indica que não deverão ocorrer novas revisões nos próximos meses.
“A pressão sobre a liquidez da TAP SA aliviou após a aprovação dos auxílios de Estado pela Comissão Europeia. Isto deve proporcionar à TAP uma ampla liquidez para cobrir o cash-flow negativo esperado para este ano”, escreve a agência norte-americana.
A previsão de um fluxo de caixa operacional negativo impede uma melhoria mais substancial e resulta numa revisão em alta do perfil de crédito de “CCC” para “B-“, explica a S&P. Em relação ao rating de longo prazo, que é o mais seguido pelos investidores, a revisão é de “B-” para “B+”, refletindo a expectativa de que a companhia continue a receber apoio do Estado este ano. Daí ser mais elevado.
A perspetiva (outlook) para a evolução do rating é “estável”, o que indica que a agência não pretende mexer na classificação hoje atribuída nos próximos meses. Segundo a S&P, o outlook reflete “a expectativa de que o rácio entre as fontes e as necessidades de liquidez da TAP se mantenha acima de 1,2 vezes em 2022, com o Governo português disponível para providenciar apoio caso seja necessário”.
O Orçamento do Estado para 2022 prevê uma injeção adicional de 990 milhões de euros este ano, conforme previsto no plano de reestruturação aprovado por Bruxelas, que prevê 3,2 mil milhões de euros em auxílios de Estado.
A S&P espera que a procura na TAP, medida em Passageiros-Quilómetro (RPK), atinja este ano 75% dos níveis de 2019, acima dos 50% a 65% que prevê para a indústria de aviação europeia. A agência também acredita que a TAP deverá beneficiar bastante com o foco nos destinos de longo curso como o Brasil, a América do Norte e os PALOP, bem como “da posição de Portugal como um destino popular de férias”.
A agência de rating alerta, no entanto, para vários fatores de incerteza. Um deles é a pandemia: “Embora não esperemos que os governos recorram a confinamentos generalizados novamente, o surgimento de uma nova variante da covid-19 que se espalhe rapidamente pode lançar uma sombra sobre a recuperação nas vendas de passagens aéreas”.
A guerra e a inflação também podem pesar. “O aumento das taxas de juro e do custo de vida, ligados aos altos preços da energia, podem diminuir a procura por viagens aéreas. Além disso, existe o risco de que uma escalada de tensões relacionada com o conflito Rússia-Ucrânia possa prejudicar a confiança do consumidor e a propensão a viajar.
Dois anos a “queimar” cash
A S&P espera que o resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) da TAP melhore em 2022, mas que se mantenha “significativamente abaixo” dos níveis de 2019. Apesar da redução de custos, os preços elevados do combustível vão pesar na rentabilidade, aponta a agência de notação financeira.
Reconhecendo a estratégia cautelosa na cobertura do risco (hedging) de uma subida do custo do jet fuel, a S&P assinala a incerteza sobre a capacidade da companhia aérea para passar esses custos acrescidos para os consumidores.
A 1 de abril, a TAP tinha feito hedging para 39% do combustível no terceiro trimestre e 14% no quarto. “Dependendo da procura e da concorrência, a TAP pode estar em desvantagem em relação a alguns dos seus pares que fizeram a cobertura para uma proporção maior do combustível que preveem usar”, assinala a agência.
Os fluxos de caixa libertos, depois de pagar o leasing dos aviões, deverá melhorar, mas permanecer negativo em 2022 e 2023, “consumindo o dinheiro em caixa e limitando as perspetivas de redução da dívida no médio prazo”. Ainda assim, a agência considera que os 990 milhões em ajudas de Estado que ainda vão entrar na TAP “deverão cobrir o pagamento da dívida e os requisitos de capital enquanto a recuperação operacional da companhia aérea se desenrola durante 2022 e 2023”.
Apesar de a TAP ter passado a ser 100% do Estado, após o último aumento de capital, a S&P sublinha que se melhorar o rating de Portugal, isso não levará a uma revisão automática da classificação atribuída à TAP.
(Notícia atualizada às 19h)
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