Juros da dívida a 10 anos atingem 2% pela primeira vez em mais de três anos
Juros da dívida pública continuam escalada no mercado secundário, perante a perspetiva de o BCE subir as suas taxas ainda este ano para controlar a inflação.
A taxa de juro das obrigações portuguesas a dez anos atingiu a fasquia dos 2% esta sexta-feira, o que acontece pela primeira vez em mais de três anos, de acordo com os dados da agência Reuters. Há meses que os juros da dívida estão a subir, não só os de Portugal mas também dos outros países da Zona Euro, mas aceleraram nos últimos tempos com a perspetiva de o Banco Central Europeu (BCE) ter de subir as suas taxas ainda este ano para conter a escalada da inflação na região.
A yield associada aos títulos portugueses a dez anos avança seis pontos base para os 2%, um patamar que não era atingido desde outubro de 2018, há cerca de três anos e meio. No prazo a cinco anos, a taxa sobe para 1,286%.
Taxa a 10 anos atinge 2%
Fonte: Reuters
Portugal não está sozinho nestas subidas. Os investidores também estão a exigir juros mais elevados para comprarem obrigações de Espanha, Itália, França e Alemanha.
A taxa espanhola a dez avança para 1,933% e a italiana já vai nos 2,658%. No caso francês, em vésperas da segunda volta das Presidenciais entre Macron e Le Pen (com as sondagens a darem o primeiro como favorito), os juros das obrigações sobem para 1,422%. Na Alemanha, a referência para toda a região está nos 0,967% e muito perto de quebrar a barreira dos 1%.
Por esta altura, os mercados estão a antecipar que o BCE vai subir as taxas de juro em 80 pontos base este ano e também estão a contar que a primeira subida aconteça mais rapidamente do que o esperado, na sequência das declarações mais “conservadoras” de alguns responsáveis do banco central. Uma subida de 25 pontos base poderá acontecer já em julho.
Os comentários do vice-presidente Luis de Guindos foram os que mais chamaram a atenção dos investidores, depois de o espanhol ter dito numa entrevista que apoiaria o fim do programa de compra de ativos em julho e que o BCE poderia subir os juros nesse mesmo mês, em setembro ou mais tarde.
Esta posição alimentou ainda mais o cenário de um BCE mais agressivo para lidar com a escalada dos preços. Também os dados económicos mais fortes do que o esperado reforçaram estas expectativas, com o indicador de atividade de negócios na Zona Euro a superar as estimativas dos analistas.
Nos EUA, o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, disse também esta quinta-feira que uma subida de 50 pontos base estará “em cima da mesa” quando o banco central se reunir nos dias 3 e 4 de maio para decidir o próximo passo da política monetária nos EUA. Com a inflação três vezes acima da meta de 2% da Fed, “é apropriado movimentar-se um pouco mais rapidamente”, acrescentou o chairman da Fed.
(Notícia atualizada às 15h04)
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