Macron reeleito em França com 58,5%. “Sou o Presidente de todos”

Emmanuel Macron vai cumprir um segundo mandato no Palácio do Eliseu. O candidato centrista derrotou Marine Le Pen na segunda volta das Presidenciais francesas com 58,5% dos votos.

Emmanuel Macron venceu a segunda volta das eleições presidenciais em França, que se disputaram este domingo. Os resultados oficiais revelam que o líder do partido En marche!, que chegou a militar no Partido Socialista, venceu com 58,55%. Marine Le Pen, candidata da extrema-direita, obteve 41,45%, enquanto a abstenção foi de 28%, a mais elevada desde 1969.

O Presidente francês reeleito, Emmanuel Macron, prometeu responder “à raiva” de quem votou na extrema-direita, levando em conta “as suas dificuldades”, assim como a quem votou nele para travar Marine Le Pen. “A partir deste momento já não sou o candidato de um campo, sou o Presidente de todos. Sei que para muitos dos nossas compatriotas que hoje escolheram a extrema-direita, a raiva e o desacordo que os levaram a votar pela extrema-direita deve encontrar uma resposta. É essa a minha responsabilidade“, disse Macron no seu discurso de vitória, em frente à Torre Eiffel, num ambiente longe da euforia de 2017.

Em 2017, Emmanuel Macron tinha vencido a segunda volta das eleições francesas com 66,1% dos votos, contra 33,9% de Marine Le Pen. Há 15 dias, na primeira volta destas eleições, o candidato liberal angariou 27,8% e Le Pen 23,1%. Seguiram-se os candidatos da França Insubmissa (esquerda radical), Jean-Luc Mélenchon, com 21,95%; o comentador político Éric Zemmour (direita radical) com 7%; e a republicana Valérie Pécresse, partido da direita tradicional, que se ficou por 4,8%.

Há duas semanas, após conhecer o resultado da primeira volta, Macron disse que iria tentar convencer quem se absteve ou votou noutros candidatos a votar em si, assinalando que seria uma escolha sobre o futuro da França na União Europeia — e avisou que “nada [era] certo”, de forma a mobilizar os eleitores. Já Le Pen pediu na altura a “todos os que não votaram em Macron” para lhe dar o voto na segunda volta.

As últimas sondagens, divulgadas no último dia da campanha eleitoral, na sexta-feira, já davam a Macron entre 10 e 15 pontos percentuais de vantagem nas intenções de voto. Isto depois de um debate televisivo que durou três horas e que, na avaliação da generalidade da imprensa, foi ganho pelo incumbente.

Legado económico “triunfa” nas urnas

As reformas implementadas nos últimos anos tiraram o país da quase estagnação e colocaram a França a crescer mais do que a Zona Euro. Como Presidente, o antigo ministro da Economia de François Hollande (PS) adotou uma série de medidas mais próximas da direita: facilitou os despedimentos, reforçou e simplificou a negociação coletiva e o diálogo social e reduziu as garantias do subsídio de desemprego.

Na frente fiscal, baixou a taxa sobre os lucros das empresas de 33,3% para 25% e reduziu as contribuições para a Segurança Social, para ajudar a atrair investimento. Acabou também com o imposto sobre as fortunas, uma medida que lhe valeu o epíteto de “presidente dos ricos”. Também combateu o dumping social nos salários pagos aos emigrantes do Leste da Europa e incentivou a reindustrialização.

Os números sugerem que a terceira via de Macron produziu resultados. O crescimento do PIB aproximou-se da média da Zona Euro e superou-a em 2019, com o país a crescer 1,8%, contra 1,5% do bloco da moeda única, graças ao aumento do consumo privado e do investimento. A pandemia trouxe um tombo de 8%, mas a França recuperou mais rápido que outras grandes economias do euro, regressando aos níveis pré-covid no outono com um salto de 7% no PIB em 2021, o mais elevado em 52 anos.

Com Macron ao leme, a França foi em 2020 e 2021 o país europeu com mais novos projetos de investimento estrangeiro, à frente do Reino Unido e da Alemanha, segundo a consultora EY. Um inquérito aos investidores indica que 74% esperava que a atratividade do país melhorasse até 2025. A taxa de desemprego também foi caindo, de 10% em 2016 para 8,1% no quarto trimestre de 2021, o nível mais baixo em 11 anos.

Este domingo, nas urnas, os franceses tiveram de optar igualmente entre duas visões distintas sobre a política económica e o papel da França na União Europeia. Embora Marine Le Pen dissesse que já não defenda um Frexit, a sua proposta de uma Europa das nações, em que a lei nacional se sobrepõe sempre à da UE, não parece compaginável com a continuação do projeto imaginado por Jean Monnet.

 

 

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