França: Juppé não avança mas Fillon continua em risco
O derrotado nas primárias da direita, Alain Juppé, começava a ser cada vez mais desejado com a crise que enfrenta François Fillon. Mas um comité político do partido pode acabar por afastá-lo na mesma.
Ainda não foi o golpe de misericórdia para François Fillon. O seu adversário derrotado nas primárias da direita para as presidenciais francesas, Alain Juppé, dirigiu-se à imprensa esta segunda-feira para confirmar que não se vai candidatar em lugar de Fillon, embora tenha feito críticas duras ao projeto do candidato que tem estado envolto em escândalos. Mas Fillon ainda não está a salvo — o comité político do seu partido reúne-se hoje para “avaliar a situação”.
“Confirmo, uma vez por todas, que não serei candidato à presidência da República. É tarde de mais”, afirmou o republicano que tinha sido o favorito para as primárias até à ascensão surpreendente do mais conservador François Fillon. “Nunca na Quinta República uma eleição se apresentou com condições tão confusas”, reconheceu, criticando Fillon por falar de um complô contra si. Considerou a corrida da direita ao Eliseu “um desperdício”, mas disse que embora fosse tarde para si, não era “tarde para a França”.
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Num contexto em que muitos olham com preocupação para os números consistentemente altos do partido de extrema direita Frente Nacional, François Fillon está a tentar segurar-se enquanto candidato do principal partido da direita francesa, o Les Républicains (LR). É acusado de ter criado um trabalho fictício para a mulher na Assembleia da República através do qual a remunerou com dinheiros públicos, um escândalo que já se alargou também aos seus dois filhos. O candidato foi chamado a depor por juízes de instrução na semana passada, mas afirma que se mantém na corrida ao Eliseu e que está a ser vítima de “assassinato político”.
No domingo, Fillon juntou uma multidão de vários milhares na praça parisiense do Trocadéro para anunciar: “Ninguém me pode hoje impedir de ser candidato”. O republicano que insiste que é inocente quer permanecer na corrida apesar de estar a descer cada vez mais sondagens: já não se prevê que o antigo favorito chegue sequer à segunda volta, ultrapassado por Marine Le Pen e pelo independente Emmanuel Macron. Do outro lado do espetro, o socialista Benoît Hamon procura alianças nos partidos mais à esquerda, inspirado pela “Geringonça” após ter feito o que já foi chamado de “visita de estudo” a Lisboa.
Mas o recuo de Juppé pode não ser o suficiente para segurar Fillon. Esta tarde, o comité político do LR encontra-se para “avaliar a situação” às 18h30 em Paris, 17h30 em Lisboa. A reunião, convocada pelo secretário-geral do partido, servirá para decidir se Fillon será ou não empurrado.
E as reviravoltas podem não se ficar por aqui: Nicolas Sarkozy emitiu hoje um comunicado em que pede a Fillon e Juppé para que se reúnam os três “para encontrar um caminho digno e credível para uma situação que não pode continuar assim”.
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Escrevendo que “a nossa desunião fará a cama à extrema-direita”, o antigo presidente da República aproveita para sublinhar que “cada um tem o dever de preservar a união”. Nicolas Sarkozy saiu-se mal nas primárias da direita, tendo sido derrotado na primeira volta.
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