Costa admite que nem todas as medidas tomadas foram coerentes na gestão da pandemia
O primeiro-ministro revelou que a medida mais difícil foi o encerramento das escolas, uma vez que sabia que "não teríamos um suporte inquestionável para essa decisão".
O primeiro-ministro admitiu esta sexta-feira, em Braga, que nem todas as medidas tomadas durante a gestão da pandemia de covid-19 foram coerentes, tendo a mais difícil sido a do encerramento das escolas. “Sim, as medidas não foram sempre coerentes, mas procuraram ter um racional e esse racional no essencial a população percebeu sempre”, assumiu António Costa no lançamento do livro “Covid-19 em Portugal: a estratégia”, na reitoria da Universidade do Minho (UM), em Braga.
Num discurso de mais de 20 minutos e perante uma sala cheia, onde na primeira fila estava a ministra da Saúde, Marta Temido, o líder do Governo fez um balanço das medidas tomadas durante a pandemia, revelando que a mais difícil de tomar foi a do encerramento das escolas.
“Foi de todas a decisão mais difícil porque foi a primeira, a primeira em que estivemos confrontados com a dificuldade de ter de decidir sabendo que não teríamos um suporte inquestionável para essa decisão”, confessou. Durante os últimos dois anos, o Governo realizou 128 conselhos de ministros exclusivamente dedicados ao tema da covid-19, tomou 200 resoluções, decretos e decretos de lei e organizou 85 conferências de imprensa, divulgou.
António Costa confidenciou que estes conselhos de ministros foram sempre “muito exigentes” porque à volta da mesa todos partilhavam as mesmas dúvidas, nomeadamente se fechavam ou não os restaurantes, quando deveriam fechar e porquê.
Contudo, o governante ressalvou que a pandemia, além dos danos e sofrimentos que causou, trouxe uma “maior democratização da ciência” fazendo com que o cidadão comum tivesse compreendido “como nunca” a importância de investir na ciência. Acrescentando que “a descoberta da vacina [contra a covid-19] foi fundamental”.
Dizendo não desejar voltar a gerir uma pandemia, o primeiro-ministro considerou que o país terá para sempre uma “dívida impagável enorme” com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e com os cientistas tendo, contudo, sido o comportamento dos cidadãos e o seu bom senso a “chave de tudo”.
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