Ouro do Banco de Portugal valoriza para 19,8 mil milhões de euros

O ouro que está nos cofres do Banco de Portugal valorizou 4,3% durante o ano passado, atingindo um valor total de 19,8 mil milhões de euros. É o equivalente a quase 10% do PIB.

O ouro do Banco de Portugal brilhou mais em 2021. O metal precioso detido pelo banco central valorizou 4,3% no ano passado, atingindo uma avaliação total de 19,8 mil milhões de euros. A quantidade de ouro manteve-se inalterada nas 382,6 toneladas.

“A valorização do ouro foi de 808 milhões de euros para um total de 19,8 mil milhões de euros”, revela o banco central esta terça-feira, no Relatório do Conselho de Administração relativo a 2021. Este valor é equivalente a quase 10% do PIB português.

O banco central explica que “esta evolução deveu-se ao efeito da valorização do USD [dólar] face ao EUR (+7,7%), uma vez que se verificou uma desvalorização do preço do ouro em USD (-3,8%)“.

A quantidade de ouro é a mesma, mas houve uma mudança durante 2021: as 3,7 toneladas de ouro do Banco de Portugal que estavam na Reserva Federal de Nova Iorque (Estados Unidos) foram transferidas para o Banco de França. “Esta transferência foi efetuada com o objetivo de melhorar a rendibilidade do ouro sito no exterior e passar a respetiva localização para o Eurosistema”, explica o banco central.

Fonte: Banco de Portugal.

O ouro a preços de mercado em euros tem vindo a valorizar desde 2017, ano em que registava uma valorização total de 13.305 milhões de euros. O valor no final de 2021 apresentava assim uma subida de 48,8% em apenas quatro anos.

“Em 2021, o Banco de Portugal continuou a efetuar aplicações em ouro, com o intuito da rentabilização deste ativo, que se traduziam, a 31 de dezembro, em empréstimos colateralizados (expressos no agregado Responsabilidades por aplicações colateralizadas), cujos euros recebidos foram utilizados na redução temporária das responsabilidades da conta TARGET”, detalha ainda o banco central.

Na apresentação do relatório no Carregado, o administrador Hélder Rosalino referiu que o Banco de Portugal tem a 14.ª maior reserva de ouro do mundo e a 6.ª maior da Europa Ocidental (atrás apenas dos Países Baixos, Alemanha, França, Itália, Suíça). O responsável argumenta que este é um ativo importante para os bancos centrais por ser “um ativo de refúgio que resiste aos contextos económicos” e que “não tem risco de crédito”.

O Banco de Portugal “dispersa geograficamente” as reservas de ouro “por razões de gestão de risco e de rendibilidade” uma vez que o ouro para ser rentabilizado “tem de estar em determinadas praças internacionais onde há condições para fazer aplicações“. Em 2021, o banco central lucrou 40 milhões de euros com a rentabilização do ouro que tem.

A maior parte do ouro está no Banco de Inglaterra (186 toneladas), seguindo-se o Carregado (173 toneladas), o Banco Internacional de Pagamentos (20 toneladas) e ainda quatro toneladas no Banco de França. “Queríamos trazer o ouro para a Europa para ter oportunidades de rentabilidade desse ouro“, explicou Rosalino, referindo que as reservas de ouro correspondem a cerca de 10% do balanço do BdP.

É de notar que a valorização do ouro não afeta os resultados anuais do Banco de Portugal por causa das regras contabilísticas. “As mais-valias potenciais não vão a resultados”, explicou Hélder Rosalino, referindo que ficam nos capitais próprios. “É um buffer [almofada] financeiro que o banco tem”, concluiu.

(Notícia atualizada às 11h54 com mais informação)

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