EDP está a “considerar a possibilidade de pré-fixar taxas de juro”, diz CFO
Rui Teixeira revela que a empresa está a considerar a realização de operações de troca para pré-fixar taxas de juro para dívida a refinanciar nos próximos anos, quer em euros, quer em dólares.
A EDP fechou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de 13,13 mil milhões de euros, equivalente a 4,3 vezes o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Um rácio que parece não preocupar o administrador financeiro da EDP, que avança outros números, em resposta por email ao ECO: “70% da nossa dívida está contratada a taxas fixas, 41% representada por financiamento sustentável e mais de 50% do vencimento da dívida está programado para após 2025″.
Rui Teixeira, um dos nomeados na categoria de melhor CFO na relação com os investidores da 34ª edição dos Investor Relations and Governance Awards (IRGAwards), uma iniciativa da consultora Deloitte, avança que a EDP está “a considerar a possibilidade de pré-fixar taxas de juro para dívida a refinanciar nos próximos anos, quer em euros, quer em dólares”. Uma estratégia que passaria pela realização de operações de troca de obrigações no mercado por outras novas com maturidade mais alargada, pagando um ligeiro prémio.
O administrador financeiro da EDP é licenciado em Engenharia Naval pelo Instituto Superior Técnico e foi nessa área que começou a carreira, primeiro na portuguesa Gellweiler e depois na norueguesa Det Norske Veritas, de onde passou para a consultoria de gestão, na Mckinsey & Company. Entrou na EDP em 2004 e quatro anos depois estava no conselho de administração da EDP Renováveis como CFO. Em 2015, passou a administrador financeiro da casa mãe.
Que desafios é que a aceleração da inflação está a criar para o negócio e de que forma é que a EDP está a responder a eles?
No que diz respeito à inflação, a EDP tem uma grande parte das receitas protegida do aumento da inflação, acima de 70%, nomeadamente o negócio das redes no Brasil em que existe uma cobertura natural. Este aumento da inflação é acompanhado pelo aumento das taxas de juro, o que faz com que os custos financeiros também sofram alguns aumentos, que são compensados ao nível do EBITDA, pelo aumento das receitas no Brasil. Em relação à dívida do grupo, cerca de 70% da nossa dívida está contratada a taxas fixas, 41% representada por financiamento sustentável e mais de 50% do vencimento da dívida está programado para após 2025.
Qual será a resposta da EDP ao novo ciclo de aumento das taxas de juro?
A EDP monitoriza de forma atenta e continuada a evolução diária dos mercados, nomeadamente naquilo que respeita a políticas monetárias, dados macroeconómicos e as pressões inflacionistas. Em termos de resposta ao contexto atual, ainda durante o primeiro trimestre de 2022 e de forma antecipada às suas necessidades financeiras, o grupo recorreu aos mercados internacionais de dívida para emitir em longo prazo 1,25 mil milhões de euros a taxa fixa, mitigando o efeito da subida de taxas juro. Para além disso, a EDP tem procurado aumentar a maturidade da sua dívida, assegurando o alinhamento com a longevidade dos seus ativos, e está ainda a considerar a possibilidade de pré-fixar taxas de juro para dívida a refinanciar nos próximos anos, quer em euros, quer em dólares.
“Shaping human lives through sustainability and technology” foi o tema escolhido para a edição deste ano dos IRGAwards, num convite à reflexão sobre a maneira como funcionamos enquanto sociedade e o legado que deixaremos às gerações futuras. O que é urgente mudar para deixarmos às próximas gerações um legado melhor?
As empresas têm de assumir, cada vez mais, um papel decisivo na construção de um futuro que se quer mais seguro, justo e sustentável. Por isso, e se quer provocar uma mudança positiva, não basta a uma empresa ser reativa – é preciso que seja proativa. Esse é um posicionamento que a EDP sempre assumiu e que nos tem colocado numa posição de liderança no processo de transição energética. Deixámo-lo patente na visão que apresentámos de ser a primeira utility integrada neutra em carbono até 2030, com o maior plano de investimento em transição energética num total de 24 mil milhões de euros até 2025.
Outro bom exemplo disso mesmo é o facto de a EDP ter sido pioneira em Portugal no financiamento verde, tendo feito a sua primeira emissão de obrigações verdes em 2018 e sendo um emissor frequente desde então, num total de 7,6 mil milhões de euros, para aplicar unicamente no desenvolvimento de projetos sustentáveis. Hoje já garantimos que cerca de 40% deste financiamento é verde e a nossa meta é que, até 2025, possa chegar a 50%. É um compromisso claro que assumimos dentro do esforço coletivo de descarbonização da economia e um desafio que continuaremos a enfrentar com o mesmo espírito de mudança e de ambição sustentável.
Da sua experiência como gestor, que lição considera mais valiosa para enfrentar o momento atual?
A lição mais valiosa que retiro é a capacidade de ter uma estrutura preparada para dar resposta a múltiplos cenários de forma rápida, mas sempre dentro da visão e da estratégia de longo prazo. Uma estratégia de investimento de longo prazo e diversificada, uma gestão de risco robusta e um modelo de negócio assente nas melhores práticas de ESG [sigla em inglês para ambiental, social e governance] dá-nos essa capacidade de reagir num mundo que tem mudado a uma velocidade sem precedentes e com impactos cruzados.
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