Casas na UE recorrem cada vez menos ao aquecimento e mais ao arrefecimento

Devido ao aumento das temperaturas nos últimos 42 anos, registou-se uma quebra na procura por aquecimento dos edifícios na UE. Portugal surge como um dos países que menos precisou.

A necessidade de aquecer um edifício tem vindo a diminuir nos últimos anos na União Europeia, enquanto a procura por arrefecimento tem vindo a aumentar.

De acordo com os dados publicados esta terça-feira pelo Eurostat, o valor graus-dia de aquecimento — um índice projetado para quantificar a procura de energia necessária para aquecer ou arrefecer um edifício, derivado de medições da temperatura do ar no exterior — diminuiu 11% nos últimos 42 anos, caindo de 3.510 graus-dia, em 1979, para 3.126 graus-dia, em 2021 no conjunto dos países europeus. Por outras palavras, apenas 89% das necessidades de aquecimento foram necessárias em 2021 em comparação com 1979.

Em contrapartida, a necessidade de arrefecer os edificados na União Europeia durante o mesmo período foi quase três vezes maior em 2021 (100 graus/dia) do que em 1979 (37), indicando que a necessidade do recurso ao ar condicionado em edifícios aumentou nas últimas décadas. Ou seja, as temperaturas nos últimos 42 anos no bloco europeu aumentaram progressivamente.

“A utilização de indicadores ou índices como graus-dia de aquecimento (HDD, na sigla em inglês) e graus-dia de arrefecimento (CDD, na sigla em inglês) podem contribuir para a correta interpretação do consumo de energia para o arrefecimento e aquecimento de edifícios. O HDD e o CDD são índices técnicos baseados no clima, concebidos para descrever as necessidades energéticas dos edifícios em termos de aquecimento ou arrefecimento”, explica o Eurostat.

Portugal entre os países que menos precisaram de aquecimento nos edifícios

Este índice variou de forma considerável entre os 27 Estados-membros, explica o gabinete de estatística europeu. Entre 1979 e 2021, a Finlândia registou o valor médio anual de graus/dia de aquecimento mais elevado, situando-se em 5.665, em contraste com o valor mais baixo observado em Malta, que foi de 534. Em conclusão, a necessidade de aquecimento foi dez vezes mais elevada na Finlândia do que em Malta durante o período em questão.

A seguir à Finlândia, surge a Suécia que registou valor médio anual de graus/dia de aquecimento na ordem dos 5.300, a Estónia (4.343) e a Letónia (4.160). Os Estados-membros com os valores médios mais baixos foram Portugal (1.239), Chipre (780) e Malta (534).

Já o condado Norrbotten na Suécia, foi a região que mais procurou aquecer os seus edifícios nos últimos 42 anos, registando a média anual de graus/dia de aquecimento mais elevada entre os Estados-membros, 6.668, entre 1979 e 2021, enquanto em sentido contrário o valor médio mais baixo foi observado em Fuerteventura, em Espanha (18).

Durante o mesmo período, a média anual de graus/dia de arrefecimento mais elevada foi registada no Chipre (577) e em Malta (574), seguindo-lhe a Grécia com 272.

Em sentido inverso, a Irlanda, Suécia, Dinamarca e Finlândia foram os países com a média anual de graus/dia de arrefecimento mais baixa. Ou seja, a necessidade de refrigeração (ou ar condicionado) nesses quatro Estados-membros da UE foi “insignificante” entre 1979 e 2021, explica o Eurostat.

A nível regional, destaque para as ilhas Gozo e Comino, em Malta, que registaram um recurso aos instrumentos de arrefecimento domiciliários mais elevados. Segundo o Eurostat, o valor médio anual de graus/dia de arrefecimento foi de 589 nessas regiões em 2021, e de 0 em outras 52 regiões na União Europeia.

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