Depois da Alemanha, Rússia reduz gás à Itália. Preço sobe 21%
Depois da redução de 40% ao fornecimento de gás para a Alemanha, a russa Gazprom avançou esta quarta-feira com uma redução de 15% ao acesso ao gás também à Itália. Preço do gás dispara 21%
O Kremlin avançou com mais um corte ao fornecimento de gás na União Europeia. Desta vez, a visada foi a energética italiana Eni.
De acordo com um comunicado divulgado esta quarta-feira, a empresa estatal esclarece que a “Gazprom anunciou hoje uma redução limitada do fornecimento de gás, em cerca de 15%. As razões para esta redução não foram notificadas até ao momento”, avança o Financial Times, citando a nota oficial.
Também esta quarta-feira, os preços dos contratos de gás para entrega em julho que servem de referência na Europa, os holandeses TTF, já chegaram a disparar 21%, depois de na terça-feira terem subido 16%.
Itália junta-se assim à Alemanha, que no dia anterior também viu o seu acesso ao gás russo condicionado. A empresa estatal russa anunciou, na terça-feira, ter reduzido em 40% o fornecimento de gás natural a Berlim através do gasoduto Nord Stream 1. Essa redução traduzir-se-á num fornecimento máximo de 100 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, abaixo dos 167 milhões de metros cúbicos por dia. Segundo a Gazprom, o motivo prende-se com os atrasos nos trabalhos de reparo do gasoduto, os quais estão a ser conduzidos pela empresa alemã Siemens Energy.
Israel vai exportar gás para a Europa através do Egito
A União Europeia, Israel e Egito assinaram, esta quarta-feira, um acordo para o fornecimento de gás natural israelita, através do país árabe, numa tentativa de impulsionar a independência energética da Rússia no bloco.
“Hoje fazemos história”, declarou o ministro da Energia israelita Karine Elharrar. “Trata-se de um momento tremendo para Israel, que se torna num player importante no mercado global de energia”, cita a Bloomberg as declarações do governante, informando que Israel poderá fornecer ao bloco perto de 1.000 milhões de metros cúbicos de gás, procedentes das suas reservas no alto mar.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, fez o anúncio do acordo esta terça-feira, 14 de julho, onde explicou que a invasão russa da Ucrânia “criou sérias consequências para a Europa e para outros países”, razão pela qual a UE “tenta trabalhar com outros aliados, como Israel, para enfrentar os desafios que isso acarreta”.
“A UE era o maior e o mais importante cliente da Rússia em petróleo, gás e carvão, mas depois da guerra na Ucrânia a tentativa da Rússia de nos chantagear com a energia, cortando deliberadamente o seu fornecimento, fez com que decidíssemos livrar-nos da dependência russa e optar por fornecedores de confiança”, justificou a presidente da Comissão Europeia.
Com este acordo, os 27 Estados-membros reforçam os seus vínculos com Israel, uma vez que este país se tornou nos últimos anos um exportador de gás, aproveitando as reservas que possui nas suas águas territoriais do Mediterrâneo.
Atualmente, o gás de Israel é fornecido principalmente ao mercado local, bem como aos vizinhos Egito e Jordânia e, de acordo com a Bloomberg, o setor tem crescido de forma significativa na última década, depois da descoberta de grandes campos offshore, como Leviathan e Tamar. Segundo analistas consultados pela agência, este pacto com a União Europeia pode conferir uma oportunidade de investimento em Leviathan, operado pela Chevron, no sentido de aumentar a capacidade anual de exportação de 12 mil milhões para 21 mil milhões de metros cúbicos.
A necessidade de assinar este acordo surge depois de as sanções do Ocidente aplicadas à Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia, terem resultado no Kremlin a condicionar o fornecimento de gás ao bloco europeu, tendo chegado mesmo a desligar a “torneira” a alguns países por não terem cumprido com as exigências de Moscovo quanto à forma de pagamento.
Recorde-se que a União Europeia depende em cerca de 40% das importações de gás russo e, por isso, a necessidade de serem encontradas fontes alternativas constam no topo da agenda do executivo comunitário, isto numa altura em que os Estados-membros defendem a necessidade de a União Europeia se tornar independente da Rússia.
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