Festival CCP: As tendências a concurso
Hellington Vieira, Paulo Martins e José Albergaria refletem sobre os trabalhos a concurso nas categorias de Experiência de Marca, Design e Craft
Vão ser esta noite conhecidos os vencedores da 24ª edição do Festival do Clube de Criativos de Portugal (CCP), que este ano contou com 946 trabalhos a concurso, 394 dos quais chegaram a shortlist.
Trinta estão na categoria Experiências de Marca, que contou com 92 casos inscritos. “Os projetos estão mais complexos e sofisticados. Não apenas em termos de criatividade e estratégia, mas também em tecnologia e design. Às vezes, pode parecer que é difícil alcançar o alto nível de craft de alguns trabalhos destacados em festivais internacionais, como o Cannes Lions. No entanto, alguns projetos que chegaram a shortlist no CCP demonstram que hoje estamos a criar aqui em Portugal experiências de marca com qualidade internacional. É com enorme satisfação que olhamos para os trabalhos nacionais e vemos que estamos a par (e, em alguns casos, até superamos) aquilo que é feito noutros países”, comenta ao ECO Hellington Vieira, diretor criativo da The The Walt Disney Company Portugal e presidente de júri nesta categoria.
Na opinião deste profissional, “a fluidez certamente é uma tendência”, que ressalta dos trabalhos a concurso. “E também aceitarmos cada vez mais que a única constante é a mudança. Com a rapidez que a tecnologia avança, não há outra hipótese”, prossegue. “Portanto, as marcas terão que aprender a comunicar num mundo fluido, não binário, de múltiplas plataformas, com uma nova internet (a do metaverso)”, diz.
“Os trabalhos inscritos este ano refletem a tendência global, com peças mais desformatadas, com ideias mais híbridas em termos de media. Filmes de formato longo por exemplo”, prossegue Paulo Martins, presidente do júri da categoria de Craft, que conta com 184 inscrições e 69 trabalhos finalistas.
Design foi, a seguir a Publicidade, a categoria com mais casos inscritos. 220, dos quais 91 chegaram a finalistas. “A maioria dos trabalhos apresenta um nível muito forte, conceitos originais, com muita garra e com uma execução exemplar. Acho que a seleção dos premiados, e claro com exemplo máximo para os prémios ‘ouro’ são muito representativos desta excelência. E também gostava de apontar com agrado para o nível da experimentação e da qualidade ‘plástica’ o que leva muitas vezes a soluções originais”, diz por seu turno José Albergaria, presidente da categoria de Design.
“É difícil destacar tendências, acho que o melhor do festival é a diversidade apresentada nos projetos, talvez seja esse o ponto mais forte e mais positivo que vejo. Cada projeto (ou a maioria) tem uma resposta própria à encomenda ou produto. Por isso destaco exatamente essa ideia otimista de que as agências, ateliers ou designers seguem caminhos mais originais e mais pessoais em vez de seguirem tendências”, prossegue o fundador do estúdio de design Change is Good, lançado já em 2003, em Paris. Não morando em Portugal, José Albergaria acredita que “é um país que tem vindo a trazer muitos bons exemplos. Nos últimos 15 anos, vejo ateliers e agências que são muito bons exemplos em qualquer lado”, comenta.
Este ano está a ser particularmente positivo para a indústria criativa, com agências nacionais a baterem recordes no Festival de Criatividade de Cannes. “Os resultados notáveis deste ano servem essencialmente como um boost de auto-confiança, para os criativos, as agências, estúdios independentes e clientes, que reconhecem a mais-valia comercial de trabalho desafiante, centralizado em ideias potentes”, diz a propósito Paulo Martins, que no seu portfolio tem trabalhos para a Nike, Adidas, Aesop, Samsung, Airbnb, Benetton, Rimowa ou Polaroid. “Está provado que somos capazes. Agora, temos de investir cada vez mais nesse mesmo talento. Principalmente, no estratégico e no criativo. E formar equipas com pessoas que acreditam no poder da criatividade e que não se contentam com ideias pequenas”, defende o diretor criativo da The Walt Disney Company Portugal.
A gala de entrega de prémios do CCP é a partir das 19h, na ETIC.
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