Autoridades alertam para agravamento das condições meteorológicas
A ANEPC alertou para o agravamento das condições meteorológicas para os próximos dias e para o risco de reativação de incêndios. António Costa falará hoje em Vila de Rei.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) alertou para o agravamento das condições meteorológicas para os próximos dias e para o risco de reativação de incêndios, apelando à “tolerância zero para o uso de fogo”.
“É preciso olhar para esta situação e ter a consciência que a situação é grave do ponto de vista meteorológico. Qualquer ignição dá origem a uma grande ignição. Essa probabilidade é muito elevada e nós não queremos isso e contamos com todos para evitar que hajam incêndios e mantermos Portugal seguro durante esta condição meteorológica adversa”, alertou o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, durante um balanço da situação operacional, feito ao final da tarde de terça-feira na sede da ANEPC, em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa).
Insistindo que se trata de “uma situação extrema” e “uma situação meteorológica nunca experienciada” em Portugal, André Fernandes salientou que “o uso do fogo tem de ser de tolerância zero”. O responsável da ANEPC referiu também que, para fazer face a esta situação meteorológica adversa, estão a ser reforçados os meios operacionais nos locais mais problemáticos em termos de incêndios.
Contudo, André Fernandes alertou para o perigo de existirem algumas reativações de incêndios, dadas as condições meteorológicas e a dimensão da área do incêndio, como aconteceu na tarde de terça-feira no caso do incêndio de Ourém, na localidade da Cumeada, que teve início na quinta-feira.
“Tem tudo a ver com a área afetada, que é uma área enorme, são mais de dois mil hectares. São perímetros que variam entre os 21 quilómetros e os 30 quilómetros. Em algumas áreas as máquinas de rastro não conseguem entrar, devido ao tipo de solo, e é difícil fazer o rescaldo”, explicou.
Portugal continental entrou às 00h00 de segunda-feira em situação de contingência, que deverá terminar às 23h59 de sexta-feira, mas que poderá ser prolongada caso seja necessário. A declaração da situação de contingência foi decidida devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para o agravamento do risco de incêndio, com temperaturas que podem ultrapassar os 45º em algumas partes do país, segundo disse, no sábado, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
António Costa em Vila de Rei
O primeiro-ministro estará esta quarta-feira em Vila de Rei, um dos concelhos com maior mancha florestal do país, para alertar em relação ao risco de incêndios nos terrenos abandonados e para acentuar a importância da informação cadastral.
Na Câmara Municipal de Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, António Costa vai participar a partir das 10h00 numa sessão de apresentação de balanço do Sistema de Informação Cadastral Simplificado e do projeto Balcão Único do Prédio (BUPi), numa semana em que se preveem temperaturas muito altas e um elevado risco de fogos em quase todo o território continental.
Nesta sessão, segundo fonte do executivo, o primeiro-ministro aproveitará para destacar “a importância do cadastro de terrenos, deixando em paralelo alertas sobre os riscos inerentes aos terrenos abandonados”. “O abandono da propriedade e a sua não gestão é um dos maiores fatores de risco de incêndios florestais, e a ausência de informação de cadastro é um problema para o qual os governos tentaram dar resposta logo após os incêndios de 2017”, refere a mesma fonte.
Em agosto de 2017, o Governo criou o Sistema de Informação Cadastral Simplificado e o BUPi – um plano que arrancou com um projeto-piloto aplicável na área territorial de dez municípios, oito dos quais do Pinhal Interior e dois da região norte. Depois do projeto-piloto, o Governo procurou alargar o sistema de informação cadastral simplificado a todo o território nacional.
“O objetivo foi integrar a informação de planeamento territorial, do registo predial e do cadastro, tendo em vista identificar todos os proprietários. No Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), na componente relativa a florestas, está previsto um investimento de 55 milhões de euros no projeto”, acrescentou fonte do executivo.
No domingo, o primeiro-ministro cancelou uma visita de dois dias a Moçambique para acompanhar as medidas de prevenção e de combate aos fogos, numa altura em que Portugal se encontra em situação de contingência.
Na segunda-feira, após reuniões na Autoridade Nacional de Emergência e de Proteção Civil, em Carnaxide, concelho de Oeiras, o primeiro-ministro defendeu que se registou nos últimos dias uma diminuição do número de ignições no país, mas advertiu que o risco de incêndio é elevadíssimo em quase todo o país até ao final da semana.
“O grande problema que com que o país está mesmo confrontado nos próximos dias é o elevadíssimo risco de incêndio que cobre praticamente todo o território nacional. Cobre seguramente todo o território desde o rio Minho até à Lisboa, atenuando um pouco no Alentejo, mas não no Algarve, onde há previsão de ventos fortíssimos”, declarou o líder do executivo.
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