Cereais agravam em 402 milhões défice comercial nos produtos agrícolas e agroalimentares
Dados do INE mostram ainda que a produção de cereais de outono/inverno no ano agrícola 2020/2021 foi de 189,2 mil toneladas, "uma das mais baixas dos últimos 35 anos".
No ano agrícola 2020/2021, a balança comercial de produtos agrícolas e agroalimentares agravou-se em cerca de 402 milhões de euros, face ao ano anterior, para 3.845,9 milhões de euros. Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística apontam ainda que este agravamento se deve “principalmente” ao aumento do défice da produção de cereais.
Os cereais foram o grupo que mais contribuiu para o agravamento da balança comercial, tendo registado um aumento do défice de 154,6 milhões de euros, “o 2º maior depois das ‘carnes e miudezas, comestíveis’, assinala o gabinete de estatísticas. A produção de cereais de outono/inverno no ano agrícola 2020/2021, foi de 189,2 mil toneladas, “uma das mais baixas dos últimos 35 anos”. Apenas foi superior à das campanhas de 2005, 2011 e 2012. Já a produção de cereais de primavera/verão aumentou 10,3% no milho e 32,5% no arroz.
Quanto ao grau de auto aprovisionamento dos cereais (excluindo o arroz) fixou-se nos 19,4%, o que reflete os decréscimos na produção de grão (-8,1%) e nas exportações (-4,5%), uma vez que as importações se mantiveram ao mesmo nível da campanha anterior, aponta o INE.
Kiwi, cereja, amêndoa e azeite em níveis recorde
De acordo com a publicação divulgada esta sexta-feira, o ano agrícola 2020/2021 em Portugal continental “caracterizou-se em termos meteorológicos como quente e seco”. Ainda assim, as produções de kiwi, cereja, amêndoa e azeite atingiram valores recorde.
Aprodução de kiwi “ultrapassou pela primeira vez as 55 mil toneladas, o que corresponde a um aumento de 21,0%, face à campanha anterior”, ao passo que a campanha da cereja foi a mais produtiva dos últimos 49 anos, impulsionada, em larga medida, pela “inédita produção das variedades de estação/tardias”, salienta o gabinete de estatísticas.
Já a produção de amêndoa cresceu 31,3%, para 1,5 mil toneladas, devido à entrada em produção de novos amendoais intensivos. Ao mesmo tempo, a produção de azeite disparou para um máximo histórico de 2,29 milhões de hectolitros, o que representa um aumento de 49% face a 2019 e o “segundo maior melhor registo desde 1915”. Aconteceu na sequência das condições meteorológicas mais favoráveis, bem como com do “aumento da importância dos olivais intensivos de regadio e com o facto de ter sido um ano de safra”.
Quanto à produção de maçã, alcançou as 368,2 mil toneladas. Foi a segunda colheita mais produtiva dos últimos 35 anos, apenas ultrapassada pela campanha de 2019, quando atingiu as 370,7 mil toneladas.
Ao mesmo tempo, a produção de vinho cresceu 14,7% face a 2020, totalizando 7,2 milhões de hectolitros, também um valor superior ao ano anterior e à média dos últimos cinco anos (6,4 milhões de hectolitros, destaca o INE.
Por outro lado, registaram-se quebras na produção de pera e de castanha. No ano agrícola 2020/2021, a produção de pera tombou 72% face ao ano anterior para 225,4 mil toneladas, um dos piores registos da última década. Já a produção de castanha registou uma quebra de 11,9% “devido ao surto de septoriose desencadeado pela ocorrência de vários períodos de precipitação e de temperaturas médias relativamente baixas durante o final de julho e princípio de agosto”.
País da UE com menor uso de fertilizantes minerais
Quanto a indicadores ambientais, o instituto refere que Portugal é o Estado-membro da União Europeia “com menor consumo de fertilizantes minerais (azoto e fósforo), registando em 2020 um consumo aparente de 31,0 kg por hectare de Superfície Agrícola Utilizada (SAU), menos de metade da média da UE27 (72,6 kg por hectare de SAU)”.
“Em 2020 foram vendidos 2,3 kg de substância ativa dos principais grupos de pesticidas por hectare de SAU, proporção acima da média europeia (2,0 quilogramas de substância ativa por hectare de SAU)”, lê-se no relatório divulgado esta sexta-feira.
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