Inflação e taxas de juro agitam fundos de pensões. Ageas reforça liderança
Maiores taxas de juro exigiram menores contribuições e a turbulência nos mercados financeiros reduziu o valor dos ativos. Supervisor e líder de mercado reagem. E veja o TOP17.
Dados agora divulgados pela ASF, entidade supervisora do setor, indicam que o aumento da taxa de inflação e consequentes subidas nas taxas de juro já estão a agitar os fundos de pensões. Os montantes geridos pelas 17 entidades autorizadas em Portugal para esta atividade diminuíram para 21,8 mil milhões de euros no final de junho, menos 7,4% que o registado há um ano, enquanto as contribuições dos aderentes no primeiro semestre deste ano baixaram 42% para apenas 379 milhões de euros quando em em igual período de 2021 tinha atingido os 675 milhões.
No entanto, para a ASF, o fenómeno tem explicação e não preocupa. “Para esta diminuição contribuíram dois fatores primordiais: a desvalorização generalizada dos patrimónios dos fundos de pensões e a redução do montante global de contribuições realizadas”.
Assim, para a baixa das contribuições, a ASF aponta que “esta redução prendeu‑se com o facto de as taxas de juro registadas no final de 2021 serem bastante superiores às que se verificaram no final de 2020, de onde o valor atual das responsabilidades em 2021 ser inferior ao correspondente valor em 2020, e assim as necessidades contributivas serem igualmente menores”.
A relação da conjuntura económica de subida de inflação e juros a permitir solicitar menos contributos aos aderentes de fundos de pensões para cumprirem a sua parte é ainda explicada pela ASF: “o nível de taxas de desconto usadas no cálculo das responsabilidades dos fundos que financiam planos de benefício definido constitui a principal explicação para a volatilidade do montante de contribuições para os fundos de pensões”.
Por lado dos gestores, Nelson Machado, administrador do Grupo Ageas Portugal e especialista em Vida e Pensões, partilha da opinião: “a descida das contribuições tem muito a ver com a subida das taxas de juro que fazem com que as responsabilidades sejam mais baixa , muitas vezes criando folgas significativas e daí as contribuições poderem descer muito”. Para a quebra nos ativos geridos, Nelson Machado diz que cairam “por causa dos mercados”.
A ASF detalha esta ideia: “Quanto à desvalorização generalizada dos patrimónios dos fundos de pensões, esta foi evidente a partir do início do ano em curso e melhor observável assim que se começou a sentir a pressão inflacionista e a correspondente repercussão na subida das taxas de juro”. O Supervisor refere que “em simultâneo com esta subida das taxas, que penalizou fortemente os títulos de dívida, observou-se ainda uma correção dos mercados acionistas”.
Para a ASF também não há dúvida que “a eclosão do conflito armado na Europa aumentou a instabilidade dos mercados financeiros e adensou a conjuntura descrita”, conclui.
Ageas Pensões resiste melhor e reforça quota entre gestoras de fundos
Com uma queda geral de 7,4% nos montantes sob gestão pelas entidades gestoras, que podem ser seguradoras (17% do total gerido) ou SGFP – Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões (83%), no final do primeiro semestre de 2022 e quando comparado com o valor de há um ano, a Ageas Pensões reforçou a quota de mercado para 28,1%. CGD Pensões e BPI Vida e Pensões mantiveram os lugares seguintes , igualmente com quedas inferiores às do mercado.
As posições relativas entre as 17 entidades gestoras autorizadas a gerir fundos de pensões em Portugal não mudaram significativamente e, em valores, destacou-se a quebra da Lusitania e pela menor descida da Santander Totta Vida.
O ranking das maiores gestoras é o que segue:
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