O que podemos fazer para combater a desigualdade de género?

  • Natacha Martins
  • 26 Agosto 2022

Neste Dia da Igualdade Feminina, ressalta a necessidade, mais do que nos outros dias, de motivar a implementação de novas formas para combater as desigualdade.

Ao longo dos nos temos assistido, no nosso país, a uma evolução lenta no que diz respeito ao combate à desigualdade de género — quer na esfera profissional como na esfera familiar e pessoal. Apesar do longo caminho que se tem sido percorrido, ainda nos restam longos quilómetros de estrada. Por essa razão, é importante continuarmos a questionar o que é que as empresas podem fazer para combater a desigualdade de género e a alertá-las para a necessidade de mudança urgente, por um lado, e continuar a abordar e a debater estes temas enquanto pessoas inseridas numa sociedade que se pauta pela diversidade, por outro.

A clara falta de mulheres com um papel de decisão efetiva nas empresas, as oportunidades de crescimento desiguais, os estereótipos de género no trabalho –- principalmente associados a características de liderança que, quando presentes numa mulher, tendem a ser vistas de forma depreciativa –-, as (ainda!) diferenças salariais para funções iguais e o impacto das responsabilidades no âmbito familiar –- ainda atribuídas maioritariamente à mulher –-, são alguns dos já conhecidos desafios que fazem com que as mulheres não comecem numa posição equitativa relativamente aos homens.

Associado a todas estas questões profissionais, é visível nas mulheres a constante sensação de frustração por sentirem que há (sempre!) uma escolha a fazer: gerir a vida familiar e pessoal de forma exemplar ou ter uma carreira profissional cheia de sucessos. Em Portugal, mais de 80% das famílias monoparentais são encabeçadas por mulheres o que faz com que, inevitavelmente, trabalhem dois turnos seguidos: o profissional “remunerado” e o familiar “não remunerado”, facto que que a maioria da população finge esquecer.

Esta situação agrava-se, em particular, em meios ainda vistos como “masculinos”, como é o caso das empresas tecnológicas, nas quais acresce o desafio de haver uma fraca representatividade do sexo feminino. Sobre este ponto, as organizações deparam-se com a dificuldade de conseguirem atrair talento feminino e é por essa razão que devemos trabalhar previamente junto das alunas que estão a terminar os seus estudos no ensino secundário — precisamos de mais mulheres engenheiras a falar e a mostrar que tecnologia pode (e é!) uma profissão de mulheres.

Assim, é fundamental que as empresas despertem para estes tópicos e sejam proativas no que diz respeito à criação de um ambiente de trabalho equitativo através de iniciativas com esse foco. O que pode ser feito?

Fomentar uma cultura de diversidade e inclusão através da partilha e implementação de manuais de normas e iniciativas em prol destes valores, implementação de políticas pós-parentalidade –- para colaboradores/as que estejam mais tempo afastados/as da empresa (integração e acompanhamento estruturado pós licenças), promoção do trabalho remoto nos últimos meses de gravidez no caso das mulheres ou uma maior flexibilidade de horários para as profissões que não permitam o trabalho remoto, a promoção de benefícios de apoio à esfera familiar, incentivar as mulheres a participar em redes de liderança ou promover a própria implementação dessas redes na organização, são apenas alguns exemplos dos muitos que as empresas podem fazer relativamente a estes assunto.

Neste Dia da Igualdade Feminina, criado para promover o debate sobre este tema, ressalta a necessidade, mais do que nos outros dias, de motivar a implementação de novas formas para combater as desigualdades ainda existentes, nomeadamente no seio das empresas.

  • Natacha Martins
  • Head of HR da Stellaxius

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