Liz Truss e Rishi Sunak disputam n.º 10 de Downing Street. Saiba o que os separa
Na próxima segunda-feira é conhecido o vencedor da corrida a primeiro-ministro no Reino Unido. O que defenderam na campanha os candidatos no duelo pela sucessão de Boris Johson.
Na próxima segunda-feira, 5 de setembro, será conhecido o sucessor de Boris Johnson na liderança do Partido Conservador e, por inerência, o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Na reta final das eleições partidárias está a ministra dos Negócios Estrangeiros, Elizabeth Truss, de 47 anos, e o ex-chanceler do Tesouro britânico, e atual deputado, Rishi Sunak, de 42 anos.
Liz Truss, como também é conhecida, lidera de forma folgada as sondagens, com uma vantagem de 32 pontos, segundo dados do site ConservativeHome, citados pela Bloomberg. O número está em linha com sondagens anteriores, nomeadamente do portal YouGov, no qual Truss também assegurou margem idêntica. De momento, cerca de 60% dos 961 deputados conservadores preferem Liz Truss a Rishi Sunak, mas o veredicto só será conhecido amanhã. O que separa os dois candidatos nos diferentes temas?
Política fiscal
Em matéria de política fiscal, Liz Truss defende um corte do IVA na ordem dos 5%, de modo a fazer frente ao aumento do custo de vida no Reino Unido, avançou o The Telegraph. A medida iria representar uma poupança média de 1.300 libras anuais por cada família britânica. No entanto, se Truss vencer, poderá optar entre uma redução de 2,5% ou 5%, sendo que a taxa atualmente cobrada situa-se nos 20%.
A ministra pretende também reverter o aumento de 1,25% na taxa de contribuição para a Segurança Social, em vigor desde abril, e suspender a taxa ambiental nas contas energéticas. No conjunto, as medidas terão um custo estimado de 30.000 milhões de libras.
Já Rishi Sunak, que tem criticado as propostas de Lizz Truss por contribuírem para o aumento da inflação, compromete-se a alargar a atual redução de 50% nas taxas sobre os imóveis comerciais (business rates), introduzida quando era ministro das Finanças. Quer também reforçar os apoios às pequenas empresas, em particular nos setores do turismo, restauração e retalho, segundo o The Telegraph.
O antigo chanceler do Tesouro deseja também seguir com o aumento planeado do IRC, dos atuais 19% para os 25% no próximo ano. Já a sua rival está a considerar uma redução geral do IRC para as pequenas e médias empresas, de modo a protegê-las dos aumentos da energia.
Já relativamente à introdução de um imposto sobre os lucros excecionais das empresas energéticas, ou windfall tax, Liz Truss irá descartar esta opção caso chegue a primeira-ministra, de modo a não passar a “mensagem errada” ao público e aos investidores internacionais, segundo a Blomberg. Rishi Sunak, por sua vez, não descarta esta opção como meio de financiar os apoios energéticos às famílias mais desfavorecidas.
Habitação
Liz Truss pretende tornar mais rápido e simples o processo de construção de casas em terrenos abandonados, através de uma reforma das leis do ordenamento. Adicionalmente, também pretende que o pagamento de rendas possa ser contabilizado para as verificações de crédito, de modo a que os jovens possam comprovar que conseguem pagar uma hipoteca. Liz Truss defende ainda mais construção nas cidades, segundo o The Telegraph.
Rishi Sunak compromete-se a acelerar a construção nas cidades e em terrenos abandonados, bem como taxar os terrenos detidos pelas grandes construtoras que ficam durante anos sem qualquer desenvolvimento imobiliário. Adicionalmente, pretende reduzir o financiamento público da habitação social e dar mais incentivos às construtoras para construírem casas acessíveis a pessoas de menores rendimentos.
Finanças públicas
Liz Truss tenciona compensar o impacto orçamental dos seus cortes fiscais com o alongamento do prazo de pagamento da dívida, agravada pelos custos adicionais na saúde com a pandemia de Covid-19. Em causa está uma dívida de 311 mil milhões de libras. No entanto, Rishi Sunak insiste que não irá prometer milhares de milhões de libras em apoios diretos, por considerar que isso iria alimentar a inflação.
No entender de Sunak, o Reino Unido deve equilibrar as suas contas e considera que os cortes nos impostos de Truss irão aumentar a dívida do país. Por este motivo, defende um aumento das prestações do National Insurance (Segurança Social) e aguardar 1 a 2 anos antes de realizar reduções fiscais, esperando até a inflação estar sob controlo. Sunak pretende ainda diminuir a despesa com salários da função pública, acelerando a redução do endividamento.
Brexit
O antigo ministro das Finanças propõe cortar ou reformar todas as diretivas da União Europeia que ainda restam na legislação britânica e estimular o crescimento económico ao eliminar regulamentações sobre os serviços financeiros. Sunak deseja ainda substituir as regras existentes em torno da proteção de dados, de modo a ajudar as tecnológicas a inovar mais, bem como fazer do Reino Unido uma “superpotência científica” e rivalizar com a União Europeia.
Também Liz Truss pretende rever as regras europeias ainda em vigor no Reino Unido, no seguimento do Brexit, até ao final de 2023. Truss pretende libertar os agricultores das regulamentações da UE, de modo a melhorar a segurança alimentar do país, e planeia combater a escassez de mão-de-obra no setor, segundo a Sky News.
Liz Truss provocou já uma polémica com o Presidente francês, Emmanuel Macron, ao prometer julgá-lo pelas suas ações e não pelas suas palavras. Disse mesmo que ainda não está claro se este é “amigo ou inimigo” do Reino Unido. Em reação, Emmanuel Macron sublinhou a necessidade da clareza de pensamento num mundo caótico, a nível geopolítico, e considerou absurda a sugestão de hostilidades entre Paris e Londres, segundo o Politico.
Apoio às famílias
O antigo chanceler do Tesouro garante que irá proteger as famílias mais vulneráveis ao compensar a diferença entre o anterior preço máximo da energia (1.971 libras anuais), e o novo teto máximo recentemente anunciado (3.549 libras anuais), através de alterações aos subsídios em vigor, avançou a BBC.
Adicionalmente, Rishi Sunak admite a possibilidade de aplicar um windfall tax sobre as empresas energéticas, de modo a financiar em até 10 mil milhões de libras um plano de apoio às famílias britânicas, face às contas da eletricidade no inverno, notícia a Bloomberg.
Liz Truss, além de considerar um corte do IVA, prometeu um apoio imediato às contas da energia, sem avançar com mais detalhes, e garantiu que iria ter uma abordagem “robusta” neste sentido, segundo a Reuters. No passado, Liz Truss defendeu não acreditar que os apoios diretos representem a melhor forma de apoiar as famílias com o aumento do custo de vida, dando antes prioridade ao alívio fiscal.
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