Alemanha vai entrar em recessão em 2023. Ifo prevê contração de 0,3%

O cenário da maior economia da Europa para 2023 é de recessão. De acordo com as mais recentes previsões do Ifo, a economia alemã irá contrair-se em 0,3% no próximo ano, enquanto a inflação será de 9,3%. Em causa está o forte aumento dos custos de energia na sequência da guerra na Ucrânia, que extingue as hipóteses de recuperação após os confinamentos durante a pandemia.

Trata-se de uma reviravolta nas previsões do instituto alemão de pesquisa económica face há apenas três meses. Em junho, o Ifo estimava um crescimento de 3,7% para 2023 e uma inflação de menos seis pontos percentuais.

Em relação a 2022, o instituto aumentou a estimativa da inflação de 6,8% para 8,1% e baixou a sua previsão de crescimento da economia alemã de 2,5% para 1,6%, embora tenha registado um ligeiro crescimento no segundo trimestre, sustentado pelas despesas das famílias e do Governo alemão.

“Os cortes no fornecimento de gás da Rússia durante o verão e os drásticos aumentos de preços que provocaram estão a causar estragos na recuperação económica após o coronavírus”, disse esta segunda-feira o chefe das previsões económicas do Ifo, Timo Wollmershaeuser, citado pela Reuters.

Segundo o instituto, o período mais duro para os consumidores na Alemanha será o primeiro trimestre do próximo ano, quando a inflação deverá chegar aos 11%, devido a um ajustamento dos preços por parte dos fornecedores de energia para responder aos elevados custos da procura.

Consequentemente, o poder de compra das famílias deverá diminuir, com o pacote de ajuda governamental a ficar aquém de as compensar. “A perda de poder de compra, medida pelo declínio dos salários reais per capita este ano e no próximo em cerca de 3% cada um, é mais elevada do que em qualquer altura desde que o atual sistema de contas nacionais foi introduzido em 1970″, afirmou Wollmershaeuser.

Partindo do pressuposto de que existirá gás suficiente no inverno, o Ifo prevê que os aumentos dos preços deverão enfraquecer gradualmente ao longo de 2023, enquanto os preços da energia começarão a diminuir o mais tardar na primavera.