Gestores do Montepio acusados de ajudarem o GES
A acusação parte do Banco de Portugal. Carlos Costa acusa António Tomás Correia e oito ex-gestores de terem financiado o GES numa altura em que o banco já apresentava dificuldades financeiras.
O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral e outros oito antigos responsáveis do banco Montepio estão a ser acusados de terem financiado o Grupo Espírito Santo (GES) quando este já apresentava dificuldades financeiras. Este processo, que está a ser movido pelo Banco de Portugal, pode resultar em coimas até quatro mil milhões.
O Jornal de Negócios (acesso pago) avança que António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, e mais oito ex-gestores do banco detido pela associação estão a ser acusados pelo Banco de Portugal de terem financiado o GES. Isto numa altura em que este grupo liderado por Ricardo Salgado já estava em claras dificuldades financeiras.
Segundo o jornal, o supervisor, liderado por Carlos Costa, acusa os gestores de violação de concessão de crédito e de irregularidades a nível de controlo interno. Mas também da infração a normas e limites no financiamento a partes relacionadas. As coimas podem chegar aos quatro mil milhões.
O financiamento ao GES foi feito através de várias operações que ficaram acordadas durante o primeiro semestre de 2014. Neste caso, o Banco de Portugal concluiu que a administração liderada por António Tomás Correia não cumpriu as boas regras de análise de crédito nem as normas internas. O jornal recorda que este financiamento foi concedido numa altura em que já havia muitas dúvidas sobre a situação financeira do grupo e em que o Banco de Portugal já demonstrava preocupação em proteger o BES dos problemas revelados pelo braço não financeiro.
Apesar dos alertas, Tomás Correia aprovou duas operações de financiamento ao GES durante este período. O que acabou por obrigar a Caixa Económica Montepio Geral a reconhecer imparidades extraordinárias nas contas desse ano, num total de 140 milhões de euros.
PS quer Associação fora da alçada de Vieira de Silva
O PS defende que a dona do Montepio deve ficar fora da alçada do Ministério do Trabalho. A Associação Mutualista Montepio Geral deve, por isso, passar a ser fiscalizada pelos reguladores especializados, avança o Jornal de Negócios (acesso pago). A ideia é também apoiada pelo CDS, que quer que seja o supervisor dos seguros a monitorizar as associações mutualistas.
“A reforma da arquitetura do sistema de supervisão deve garantir o reforço da supervisão prudencial e da supervisão comportamental. Quer na versão twin peaks [concentração da supervisão em duas entidades, uma para a área prudencial e outra para a comportamental] quer numa versão mais recuada que preserve o atual modelo tripartido, a supervisão da associação mutualista deve sair do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e passar para a competência de supervisores especializados”, disse o porta-voz socialista, João Galamba, ao Negócios.
Já o CDS refere que “sempre defendemos que as associações mutualistas devem estar sob a supervisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e continuamos a defendê-lo”.
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