Galp perde 7%. Lisboa fecha com maior queda desde junho
Investidores estão a vender ações com medo de uma recessão na Zona Euro e perante um dólar pujante. Petróleo negoceia em mínimos de oito meses e Galp perdeu 7%. Lisboa cai mais do que a Europa.
A bolsa de Lisboa registou esta sexta-feira a maior queda intradiária desde junho, fechando a cotar no valor mais baixo desde setembro de 2021, enquanto o índice de referência europeu encerrou em mínimos de dezembro de 2020. Os investidores estão a ajustar os portefólios a perspetivas económicas cada vez mais desanimadoras para a Zona Euro.
O sentimento nos mercados financeiros deteriorou-se significativamente nesta sessão, levando o principal índice português a terminar o dia com um recuo de 3,37%, para 5.487,44 pontos, superior ao da generalidade dos pares europeus. Todos os membros do PSI caíram mais de 1%, com o índice a acumular uma desvalorização de 2,86% esta semana, contribuindo para uma queda mensal que já vai em 5,28%.
A Galp Energia destacou-se pela negativa, com uma queda de 6,99%, para 9,394 euros por ação, depois de ter estado a perder quase 8% no decorrer das negociações. Os títulos dos CTT caíram 6,43%. Sonae e Altri apresentam quedas superiores a 5%, enquanto Navigator e Mota-Engil recuaram acima de 4%. A menor queda foi a da REN, que, ainda assim, alcançou 1,39%.
À hora de fecho da sessão em Lisboa, o Brent perdia 4,67%, para 86,23 dólares por barril. O petróleo que serve de referência para as importações nacionais negociava, assim, a preços que não eram vistos desde janeiro deste ano, antes do início da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Galp derrapa na bolsa
Na Europa, o Stoxx 600 caiu 2,37%, para o valor mais baixo em quase dois anos. O alemão DAX, o britânico FTSE 100 e o CAC-40 encolheram mais de 2% e tocaram mínimos de vários meses. O espanhol IBEX-35 cedeu 2,42%.
A “maré vermelha” nas bolsas estende-se ao outro lado do Atlântico, com os principais índices norte-americanos a negociar em baixa, próximos dos mínimos alcançados em junho. Após o fecho das bolsas europeias, o S&P 500 seguia a cair 2%, enquanto o industrial Dow Jones recuava 1,87% e o tecnológico Nasdaq perdia 1,97%.
Este cenário dá-se numa altura em que o dólar continua a ganhar força, depois de uma semana marcada por mais uma subida das taxas de juro de 75 pontos base pela Fed dos EUA. O euro continua a perder terreno face à divisa dominante e tocou esta sexta-feira o valor mais baixo desde 2002, abaixo de 0,98 dólares, enquanto a libra transaciona em mínimos de 37 anos.
“Parece que os traders e investidores vão mandar a toalha ao chão esta semana naquilo que parece ser uma situação do tipo ‘o céu está a cair'”, comentou com a Bloomberg Kenny Polcari, estratega chefe da SlateStone Wealth. “Assim que toda a gente parar de dizer que ‘a recessão está a caminho’ e aceitar que ela já chegou, então aí o sentimento vai mudar”, defendeu o responsável.
Os investidores conheceram esta sexta-feira novos dados que apontam para um recuo da atividade económica na Zona Euro este mês. As negociações foram ainda condicionadas pelas eleições em Itália marcadas para este domingo, com as sondagens a preverem a eleição da candidata de extrema-direita Giorgia Meloni.
Além disso, no Reino Unido, o Governo de Liz Truss anunciou o maior corte de impostos desde 1972, segundo a Bloomberg. Trata-se de um pacote de estímulos que está a alimentar os receios de que o Banco de Inglaterra tenha de subir ainda mais os juros para controlar a inflação.
(Notícia atualizada pela última vez as 17h19)
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