Euro toca 0,9771 dólares, um mínimo em mais de 20 anos

  • Lusa
  • 23 Setembro 2022

Subida dos juros pela Fed esta semana está a dar gás ao dólar e as perspetivas económicas pouco animadores na área do euro estão a castigar a moeda única, que tocou esta sexta-feira mínimo de 20 anos.

O euro caiu esta sexta-feira para um nível abaixo do mínimo de duas décadas de 0,98 dólares, depois da divulgação de indicadores económicos fracos da Alemanha e da Zona Euro que apontavam para uma recessão.

O euro foi negociado por volta das 9h10 em Lisboa a 0,9771 dólares, contra 0,9819 dólares no final de quinta-feira.

Euro afunda face ao dólar desde janeiro

Fonte: Refinitiv

O dólar manteve a sua força face ao euro depois de o diferencial de taxas de juro entre os EUA e a Zona Euro ter aumentado, após a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) ter aumentado as taxas de juro em 75 pontos base para entre 3% e 3,25% e ter dado a entender que irá aumentar ainda mais as taxas este ano e em 2023. As taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) estão atualmente em 1,25%.

A atividade da Zona Euro contraiu-se em setembro pelo terceiro mês consecutivo e mais acentuadamente do que nos meses anteriores, o que, juntamente com a deterioração dos indicadores de encomendas e expectativas, aponta para novos declínios de atividade no futuro.

O índice PMI (Purchasing Managers’ Index) de atividade na Zona Euro da S&P Global, que agora integra o IHS Markit, publicado esta sexta-feira, foi de 48,2 pontos, menos sete décimas do que em agosto e novamente abaixo dos 50 pontos que separam o crescimento da contração. A contração de setembro foi a maior desde janeiro de 2021 e foi impulsionada pelo setor industrial, que no seu quarto mês consecutivo de declínio de atividade marcou a contração mais rápida desde maio de 2020.

Como tem sido observado nos últimos três meses, a Alemanha registou um declínio na atividade global, uma vez que o índice PMI de atividade económica desceu para 45,9 pontos, o valor mais baixo desde maio de 2020 e, excluindo a pandemia, o nível mais fraco desde junho de 2009. Excluindo o confinamento inicial pela Covid-19 no início de 2020, o declínio no setor dos serviços alemão foi também o mais baixo desde junho de 2009.

A confiança dos consumidores caiu na Zona Euro em setembro para um nível recorde devido a preocupações com o aumento do custo de vida. Além disso, as tensões com a Rússia devido à guerra na Ucrânia estão a levar os investidores a evitar riscos e a comprar dólares, considerados uma moeda segura em tempos de crise.

Libra segue em queda acentuada após anúncio de medidas com corte de impostos

A libra aproximava-se esta sexta-feira do mínimo histórico face ao dólar, após o Governo britânico ter anunciado medidas orçamentais que levam os investidores a inquietar-se com a saúde das finanças do Estado, face aos sinais de recessão.

Com o dólar a beneficiar da resistência da economia norte-americana e do seu estatuto de valor refúgio, a libra afundava 2,01% para 1,1034 dólares às 12h35 (em Lisboa) após ter chegado a 1,1021 dólares, um nível que não tinha sido atingido desde 1985, ano do valor mais baixo, 1,0520 dólares.

O Governo britânico anunciou esta sexta-feira uma série de cortes nos impostos para tentar estimular a economia e deixar para trás um “ciclo de estagnação” numa altura em que o país sofre com a inflação e está prestes a entrar em recessão. A redução de impostos junta-se a um pacote anunciado nas últimas semanas para congelar os preços da energia doméstica para famílias e empresas, que está previsto custar 60.000 milhões de libras (68.700 milhões de euros) nos próximos seis meses.

A libra esterlina está em perigo“, afirmou George Saravelos, analista do Deutsche Bank, assinalando que a libra cai, apesar do aumento dos juros da dívida britânica, “o que é muito raro numa economia desenvolvida”. “Estamos preocupados ao ver que a confiança dos investidores no Reino Unido está a diminuir rapidamente“, acrescentou, citado pela AFP.

A economia britânica tem mostrado sinais de enfraquecimento: o Banco da Inglaterra e o índice PMI de atividade do setor privado preveem uma recessão já no terceiro trimestre. A queda vertiginosa da libra quase ofuscou a descida do euro, que perdia 0,86% face ao dólar (para 0,9752 dólares) e atingiu o valor mais baixo desde 2002 (0,9737 dólares). Desde o início do euro, o euro perdeu 14% face ao dólar e a libra 18%.

Diretamente afetadas pela subida dos preços do gás desde o início da guerra na Ucrânia, as economias europeias acumulam sinais de fragilidade.

Pelo contrário, “os Estados Unidos estão numa posição única, com uma inflação elevada e um crescimento mais persistente, o que quer dizer que a Reserva Federal norte-americana tem mais razões e meios para subir rapidamente as taxas de juro”, segundo Mark Haefele, analista da UBS.

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