BCE aumenta taxas de juro em 75 pontos. Revê em baixa crescimento em 2023

Subida dos juros diretores é a maior deste século. Taxa aplicável a refinanciamento fixada nos 1,25% e de depósito nos 0,75%. BCE reviu em alta estimativas de inflação para 8,1% em 2022 e 5,5% em 2023

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu aumentar as taxas de juro em 75 pontos base, segundo revela a decisão conhecida esta quinta-feira. Taxa de refinanciamento fixa-se nos 1,25% e de depósitos nos 0,75%. A última subida das taxas diretoras, em julho, foi de 50 pontos base, mas vários analistas esperavam já um aumento maior desta vez, para controlar a inflação na Zona Euro.

É a primeira vez desde 1999 que o BCE opta por um aumento de juros desta dimensão (75 pontos base, ou 0,75 pontos percentuais), embora seja prática corrente este ano em diversas autoridades monetárias. A subida anunciada em julho foi histórica, sendo a primeira vez que o banco central decidiu subir as taxas de juro em mais de uma década, acabando com os juros negativos na Zona Euro. Para a frente, o BCE já tinha sinalizado que ia continuar a subir as taxas de juro, mas era ainda incerto em quanto.

Com esta decisão, a partir de 14 de setembro, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento fixa-se em 1,25%, a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumenta para 1,50% e a taxa aplicável à facilidade permanente de depósito evolui de 0% para 0,75% (o nível mais alto desde outubro de 2011), anunciou o BCE.

“Este importante passo antecipa a transição do nível predominantemente acomodatício das taxas de política para níveis que irão assegurar o regresso atempado da inflação ao objetivo de médio prazo de 2% do BCE”, lê-se no comunicado do banco central.

A instituição liderada por Christine Lagarde sinaliza também que as subidas vão continuar: “Com base na sua avaliação atual, nas próximas reuniões o Conselho do BCE espera continuar a aumentar as taxas de juro para abrandar a procura e proteger contra o risco de uma tendência de subida persistente nas expectativas de inflação”.

O aperto do BCE vai diretamente ao bolso dos portugueses por via do aumento da prestação da habitação. Isto já que as mexidas nas taxas de juro diretoras BCE afeta a evolução das taxas de juro Euribor. Já em setembro, as prestações da casa subiram com a nova política do banco central.

Olhando para o futuro, a equipa do BCE reviu significativamente as projeções de inflação e agora estima que a inflação seja em média 8,1% em 2022, 5,5% em 2023 e 2,3% em 2024. É de recordar que a inflação na Zona Euro atingiu os 9,1% em agosto, segundo os dados provisórios.

As perspetivas para a economia também não são animadoras: “Após uma recuperação no primeiro semestre de 2022, dados recentes apontam para um abrandamento substancial do crescimento económico da área do euro, prevendo-se uma estagnação da economia no final do ano e no primeiro trimestre de 2023″, lê-se no comunicado.

Tendo em conta fatores como os elevados preços da energia e a guerra na Ucrânia, bem como constrangimentos nas cadeias de distribuição, o BCE reviu em baixa as previsões económicas, perspetivando agora que a economia cresça 3,1% em 2022, 0,9% em 2023 e 1,9% em 2024.

A presidente do BCE explica a decisão em conferência de imprensa. Veja aqui:

(Notícia atualizada às 13h55)

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