Angela Merkel considera que Rússia era fornecedor de gás “confiável”

Ex-chanceler alemã alerta que o abastecimento de gás russo nunca fora um problema durante o seu mandato uma vez que Moscovo foi, desde a Guerra Fria, "um fornecedor de gás confiável".

Angela Merkel não se arrepende de ter mantido as relações comerciais com a Rússia durante o seu mandato enquanto chanceler da Alemanha, garantindo que “desde a Guerra Fria que a Rússia era um fornecedor confiável”.

Durante uma conferência de imprensa, esta quinta-feira, na sequência da entrega do Prémio da Humanidade da Fundação Calouste Gulbenkian, Angela Merkel relembrou que o gás da Rússia sempre foi mais barato” quando comparado com a oferta vinda do Qatar, Arábia Saudita ou Estados Unidos, argumentando que “desde a Guerra Fria que a Rússia era um fornecedor confiável” e que por isso não lamenta a decisão tomada. “Na altura, era claro”, disse, acrescentando, no entanto, que nunca duvidou que deveria haver negociações” com outros parceiros económicos.

Questionada sobre se a guerra na Ucrânia pode comprometer os esforços alocados no combate às alterações climáticas, Angela Merkel considera que “o assalto à Ucrânia foi uma decisão que chamou a atenção política para esta questão” mas considera que “não temos tempo para nos concentrar num tema”. “Temos de ver que aqui o desafio é global e todos os países têm de prestar um contributo”, frisou.

ONGs ambientais ganham Prémio Gulbenkian para a Humanidade de 2022

A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos (IPBES) e o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) receberam o Prémio Gulbenkian para a Humanidade de 2022, no valor de um milhão de euros.

A distinção, anunciada pela presidente do júri Angela Merkel, foi atribuída às duas organizações intergovernamentais pelos esforços a nível de produção de conhecimento científico, combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade. As duas entidades foram selecionadas entre 116 nomeações de 41 nacionalidades, provenientes de cinco continentes.

Durante a conferência de imprensa, esta quinta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a ex-chanceler alemã reconheceu o valor destas duas organizações frisando que o contributo da ciência no combate às alterações climáticas continua a ser “decisivo para assegurar a sobrevivência da humanidade”.

“A evidência científica tornou-se mais clara, confiável nos últimos anos mas, infelizmente, nunca houve boas notícias porque os sinais se tornaram cada vez mais dramáticos”, acrescentou Merkel, sublinhando que o trabalho realidade pelo IPBES e IPCC, nos últimos anos, veio a sublinhar “necessidade de agirmos em conjunto” no combate contra a degradação do ambiente e da biodiversidade.

epa10240434 The former German chancellor and president of the prize jury Angela Merkel (L) attends a press conference to announce the winner of Gulbenkian Humanity Prize, at Calouste Gulbenkian Foundation in Lisbon, Portugal, 13 October 2022. EPA/ANDRE KOSTERS

 

A IPBES é um organismo intergovernamental independente, criado em 2012, com a missão de melhorar a relação entre o conhecimento científico e os decisores políticos. Presente na conferência de imprensa estava a secretária-executiva da ONG que considerou a atribuição deste prémio como “uma poderosa declaração que confirma que a perda global de espécies, a destruição de ecossistemas e a degradação dos benefícios da natureza, representa uma crise não só de magnitude semelhante às alterações climáticas, mas também de uma crise que deve ser abordada com o mesmo caráter de urgência”.

Já o IPCC, distinguindo em 2007 com o Prémio Nobel da Paz, juntamente com Al Gore, é um organismo das Nações Unidas desde 1998, mais conhecido pelos relatórios anuais divulgados sobre o impacto ambiental resultante da ação humana. Ambas as organizações têm como objetivo ajudar os decisores políticos a nível mundial a adotar medidas de combate às alterações climáticas. Hoesung Lee, presidente da ONG, considera que o prémio é atribuído “numa altura crítica” em que se assiste a uma forte degradação do ambiente, fruto das alterações climáticas e da ação humana. “A humanidade não pode sentir-se desencorajada pela dimensão deste desafio. O tempo para a ação climática é agora“, apelou.

A Presidência do Júri do Prémio Gulbenkian Humanidade foi o primeiro cargo aceite por Merkel desde que cessou funções como chanceler em dezembro de 2021. Angela Merkel sucede no cargo a Jorge Sampaio, que foi presidente do júri desde a sua primeira edição.

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi instituído pela Fundação com o propósito de distinguir pessoas, grupos ou organizações de todo o mundo que se têm evidenciado na mitigação e adaptação às alterações climáticas. A distinção foi atribuída pela primeira vez, em 2020, à jovem ativista sueca Greta Thunberg, que decidiu distribuir o montante por vários projetos ambientais e humanitários no Sul Global.

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