Aumento dos preços no gás regulado por falhas da Nigéria? “Duvido que impacto seja significativo”, admite Cordeiro
Duarte Cordeiro considera que a "Galp deve ir ao mercado comprar gás" para substituir aquele que não irá receber da Nigéria e rejeitou aumento na fatura dos clientes no mercado regulado.
O Governo salientou que a Galp terá que cumprir com as “responsabilidades legais” no que toca ao fornecimento de gás no mercado regulado e, por isso, alertou que a petrolífera, ainda liderada por Andy Brown, terá que ir ao mercado comprar gás para substituir aquele que não será entregue pela Nigeria LNG no final deste mês. Questionado sobre se as falhas no abastecimento terão impactos no preço do gás para os clientes no mercado regulado, Duarte Cordeiro garante que não, argumentando que “o preço do gás está muito mais baixo nos últimos dias”.
“A empresa Galp terá que comprar para satisfazer os clientes e, naturalmente, aquilo que são as suas responsabilidades legais com a tarifa regulada e comprar no mercado do gás”, disse esta terça-feira Duarte Cordeiro, à margem da reunião dos Ministros da Energia da União Europeia, em Luxemburgo.
Em resposta aos jornalistas, o ministro do Ambiente e da Ação Climática referiu que atualmente o preço do gás no mercado está mais barato, uma vez que “muitos países já têm o armazenamento de gás preenchido” e, portanto, existe mais oferta do que procura. “Aquilo que a Galp tem que fazer é: se tem falhas de entregas, deve ir ao mercado comprar gás”, sublinhou.
Questionado sobre se isso terá impacto na fatura dos clientes no mercado regulado, o governante rejeita, argumentando que “o preço do gás está bastante mais baixo nos últimos dias”. “Neste momento, duvido que o impacto [nas faturas] seja significativo”, vincou.
Esta segunda-feira, durante uma chamada com analistas, na sequência da apresentação de resultados, a Galp Energia admitiu que iria ficar sem uma entrega de gás natural liquefeito (GNL) que a Nigeria LNG deveria deixar em Sines no final de outubro. Apesar de não estarem previstas mais falhas, a petrolífera já assegurou a aquisição de gás natural no mercado para compensar o volume que deveria chegar por navio no final deste mês
No mesmo momento, Andy Brown admitiu que, no próximo ano, podem ser revistos em alta os preços do gás que recebe da Nigéria, “o que poderá significar que o preço para o cliente regulado pode aumentar”. Brown, que já se havia manifestado contra a decisão do Governo português de permitir o regresso ao mercado regulado do gás às famílias e pequenos negócios, voltou a reforçar a discordância. Até ao momento, 90 mil clientes já pediram para transitar do mercado livre para o mercado regulado.
Para o gestor britânico, a decisão anunciada pelo Governo para enfrentar o aumento de custos no mercado livre “foi muito inesperada” e que, “de muitas formas, não é apropriado da parte do Governo” fazer com que a Galp forneça gás tendo em conta “um certo preço de gás” a que a Galp não contrata.
Portugal, Espanha e França ainda não assinaram acordo para “corredor verde de energia”
Duarte Cordeiro rejeitou as críticas proferidas pelo PSD sobre o acordo anunciado, na semana passada, por Portugal, Espanha e França relativamente à criação de um “corredor verde de energia”, o projeto BarMar, em substituição da construção de um gasoduto que ligava estes três países à Europa, o MidCat. Para o ministro do Ambiente e da Ação Climática, havia um “bloqueio” quanto ao projeto inicial (que o próprio considera ter sido “uma mão cheia de nada” que não seria financiado pela Comissão Europeia) e, por isso, “o que se procurou fazer entre os três países foi desbloquear a interligação a gás”.
“O BarMar permitiu desbloquear isso. Os países mantêm as intenções de alargar as ligações elétricas. Não há prejuízo para Portugal”, frisando, no entanto, que ainda não foi assinado nenhum acordo, formalmente, pelos três chefes de Estado, Emmanuel Macron, Pedro Sánchez e António Costa, tal como aconteceu com o acordo celebrado em Madrid, em 2015, referente à construção do MidCat.
“Não assinamos nada. Houve um comunicado de imprensa que resultou de um entendimento” frisou, acrescentando que o acordo deverá ser assinado no dia 9 de dezembro, durante uma cimeira, em Alicante. “O objetivo da reunião era desbloquear a ligação a gás e não abordar as interligações elétricas”, sublinhou.
Questionado se esse acordo será suficiente para concretizar a construção desta interconexão que passa a ligar a Península Ibérica à Europa, através de uma ligação marítima entre Barcelona e Marselha, o governante explica que o bloqueio inicial prendia-se a “motivos ambientais” argumentados pelo governo francês mas sendo agora a ligação por mar, “à partida, acreditamos que está desbloqueado essa limitação que França tinha relativamente ao gasoduto“, explica Duarte Cordeiro.
Além dos motivos ambientais, o ministro do Ambiente ressalva que sendo esta infraestrutura, agora, “virada para o futuro” – uma vez que servirá para transportar não só gás natural, mas, também, hidrogénio e outros gases renováveis – conta também com o apoio da Comissão Europeia. “Se não fosse um “corredor de energia verde”, não tinha o apoio da Comissão porque já não são financiados projetos, exclusivamente, de combustíveis fosseis”, afirmou.
Notícia atualizada às 16h35 com mais informações
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