Dona do Pingo Doce lucra 419 milhões, quase mais 30% até setembro
Grupo retalhista Jerónimo Martins, que tem também operações na Polónia e Colômbia, reforça ganhos nos primeiros nove meses do ano. Subida dos preços faz cair volumes e optar por artigos mais baratos.
A Jerónimo Martins acentuou os ganhos nos primeiros nove meses do ano, que ficaram marcados pelo início da guerra na Ucrânia e pela subida acentuada dos preços. A dona do Pingo Doce aumentou os lucros em 29,3% até setembro, com o resultado líquido a ascender a 419 milhões de euros. Compara com os 324 milhões que tinha registado no mesmo período em 2021 e que, na altura, já tinha representado um crescimento homólogo de 48%.
Entre janeiro e setembro, as vendas consolidadas do grupo retalhista de origem portuguesa, que tem operações também na Polónia e na Colômbia, ascenderam a 18,4 mil milhões de euros. Equivale a uma subida de 21% em termos homólogos, segundo a comunicação à CMVM feita esta quarta-feira, em que reporta um crescimento de 17,8% do EBITDA do grupo que em Portugal detém o Pingo Doce e o Recheio, para 1,3 mil milhões de euros.
“Com as acentuadas subidas dos preços dos alimentos e da energia a asfixiarem o poder de compra das famílias, tomámos a decisão, transversal a todas as companhias do grupo, de trabalhar para conter na medida do possível a subida dos preços nas prateleiras das nossas lojas, admitindo pressão adicional sobre as margens”, comenta o presidente e administrador-delegado, Pedro Soares dos Santos, para quem estes resultados “espelham essa opção e a agilidade e assertividade demonstradas pelas insígnias, que fecham o período com posições de mercado reforçadas e tráfego intenso nas lojas”.
Com as acentuadas subidas dos preços dos alimentos e da energia a asfixiarem o poder de compra das famílias, tomámos a decisão de trabalhar para conter na medida do possível a subida dos preços nas prateleiras das nossas lojas, admitindo pressão adicional sobre as margens.
Quando faltam pouco mais de dois meses para o final do ano, o líder da Jerónimo Martins frisa que “a elevada instabilidade geopolítica e as perturbações nas cadeias de abastecimento que resultaram da pandemia aumentam o nível de incerteza relativamente à evolução dos preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis e à extensão dos seus impactos sobre o consumo, num inverno que se antecipa com um nível de dificuldade sem precedentes nas últimas largas décadas”. Neste contexto, “suportados pela solidez financeira do grupo”, acrescenta, a prioridade passa por “assegurar a liderança em preço e continuar a merecer a confiança dos clientes e parceiros de negócio”.
No comunicado divulgado esta tarde, a Jerónimo Martins insiste que manterá o “esforço de contenção dos preços de venda”, apesar de a inflação ao nível dos custos estar a aumentar a pressão sobre as margens percentuais das várias insígnias. E destaca precisamente a solidez do balanço do grupo, que no final de setembro se traduzia numa posição líquida de caixa (excluindo responsabilidades com locações operacionais capitalizadas) de 763 milhões de euros. A dívida líquida ronda os 1,7 mil milhões de euros.
Queda de volumes e produtos de mais baixo custo em Portugal
Em Portugal, onde “a pressão da subida generalizada dos preços sobre o rendimento disponível das famílias levou à queda de volumes no consumo alimentar e a uma crescente tendência de trading-down”, isto é, a escolherem produtos de mais baixo custo, o EBITDA do negócio da distribuição ascendeu a 241 milhões de euros, 12,5% acima do homólogo, mas com a respetiva margem a ficar em linha (5,9%). No terceiro trimestre, “ao investimento em preço acresceu a subida substancial dos custos de eletricidade, que pressionaram a margem EBITDA”.
Nos primeiros nove meses do ano, em que abriu sete novas lojas (quatro adições líquidas) e remodelou 25 localizações, as vendas do Pingo Doce cresceram 10,3% (+13,4% no 3T) para os 3,3 mil milhões de euros. Já o Recheio beneficiou da recuperação do canal HoReCa a acompanhar a recuperação do turismo em Portugal, o que fez com que as vendas do cash & carry crescessem 28,8% e atingissem 850 milhões de euros neste período.
Na Polónia, a rede de supermercados Biedronka aumentou 23% as vendas, em moeda local, o que corresponde a 12,7 mil milhões de euros em nove meses, refletindo igualmente a inflação registada no cabaz. Já a cadeia de beleza Hebe registou uma faturação que equivale a 252 milhões de euros, 30% acima do registado na mesma fase do ano anterior, subindo 33,6% em moeda local.
Finalmente, na Colômbia, onde a inflação alimentar se mantém acima dos 20% e “impactado significativamente o consumo”, a Ara “investiu consistentemente em preço para responder com assertividade à necessidade clara das famílias de ter acesso a oportunidades de valor”. Em resultado, as vendas aumentaram 66,2% em moeda local e levaram a insígnia retalhista a acelerar o plano de aberturas para este ano de 180 para 230 a 250 lojas.
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