Lucro do BCP sobe 63% para 97 milhões até setembro apesar dos problemas na Polónia

BCP fechou os primeiros nove meses do ano com lucros de 97,2 milhões de euros, uma subida de 63% em relação ao mesmo período do ano passado. Problemas na Polónia continuam a pesar no resultado.

O BCP registou lucros de 97,2 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que representa uma subida de 63% em relação ao mesmo período do ano passado, apesar das dores de cabeça que o negócio na Polónia continua a dar.

Em Portugal, o banco liderado por Miguel Maya teve um lucro de 295,7 milhões de euros, mas o grupo continua a ser muito penalizado pelo polaco Bank Millennium, que enfrenta mais de 15 mil processos em tribunal por causa dos empréstimos concedidos em francos suíços na primeira década de 2000.

Em conferência de imprensa, o CEO explicou que o resultado positivo tem sobretudo a ver com a “subida dos proveitos core” em quase 25% e com “uma gestão rigorosa dos custos”. A grande fatura veio da Polónia:

  • encargos de 393,1 milhões de euros associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços;
  • provisões para moratórias de crédito de 304,6 milhões de euros;
  • contribuição de 59,1 milhões de euros para o Fundo de Proteção Institucional (IPS);
  • registo da imparidade do goodwill do Bank Millennium de 102,3 milhões de euros.

Sem o impacto do Bank Millennium, o grupo BCP teria um resultado de 536 milhões de euros, traduzindo um aumento de 125% face ao mesmo período de 2021. Miguel Maya disse que, apesar dos problemas, a venda do banco polaco “não é o caminho”, sobretudo numa altura de enorme incerteza e porque o mercado polaco é “muito interessante”. “Quem é que compra com esta incerteza? Não se consegue marcar um preço, quando não se consegue perceber o que está por trás”, afirmou.

O gestor frisou que o resultado ainda não satisfaz. O REO (rentabilidade do capital próprio) está nos 2,5%. “Continua muito abaixo do que pretendemos, abaixo do custo de capital. Não temos a rentabilidade necessária para o custo de capital do banco”, disse. 10% é o rácio de referência para o setor.

Margem dispara 32% à boleia da subida dos juros

Beneficiando da subida das taxas de juro do mercado, sobretudo na Polónia, o banco registou uma margem financeira de 1,54 mil milhões de euros, uma subida de 32,7%. As comissões avançaram 7,3% para 573,8 milhões, com o aumento da atividade económica (devido ao alívio das restrições da pandemia) a impulsionar as transações bancárias.

Tudo somado, os proveitos core ascenderam a 2,1 mil milhões entre janeiro e setembro, mais 24,7% comparado com os primeiros nove meses do ano passado.

Por seu turno, os custos operacionais subiram ligeiros 2,6% para 781 milhões, o que atira o resultado operacional para 1,3 mil milhões (subida de 42%). O rácio cost-to-income já está abaixo da meta de 40% prevista para a estratégia até 2024, atingindo os 38% em setembro.

Depósitos a prazo aumentam cinco mil milhões

Em termos de balanço, os recursos de clientes aumentaram 3,5% para 91,1 mil milhões de euros, destacando-se os depósitos à ordem de 48,1 mil milhões e os depósitos a prazo de 25,7 mil milhões (mais cinco mil milhões em relação a setembro de 2021). Miguel Maya ainda não abriu o jogo sobre quando é que o banco vai começar a subir os juros dos depósitos. “Não comentamos a nossa política comercial”, disse aos jornalistas, sublinhado que vai ter em conta a “leitura do mercado, a posição competitiva e necessidade de financiar os recursos do banco”.

Já o crédito cresceu a um ritmo inferior, apenas 1,1%, para 58,6 mil milhões de euros (mais 600 milhões). A carteira de crédito à habitação subiu 400 milhões para 27,9 milhões e das empresas aumentou 300 milhões para 24,8 mil milhões. Já o consumo caiu 100 milhões para 5,9 mil milhões.

Quanto aos rácios, apesar do impacto extraordinário da Polónia, o rácio total atingiu os 15,1% e o CET1 os 11,4%, acima das exigências regulamentares. “Continua-se a exigir ao BCP uma gestão rigorosa do capital e alocação rigorosa do capital no negócio”, sublinhou Miguel Maya.

(Notícia atualizada às 19h19)

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