Jerónimo de Sousa deixa lugar de deputado. Sai com críticas a Governo “cada vez mais inclinado para a direita”

Jerónimo de Sousa deixa a liderança do PCP, abandonando também o lugar de deputado, por razões de saúde. Paulo Raimundo é o sucessor, sendo que o substituto no Parlamento está ainda por anunciar.

Depois do anúncio deste sábado, Jerónimo de Sousa já oficializou a saída da liderança do PCP com um discurso onde teceu críticas ao “Governo do PS cada vez mais inclinado para a direita” e elogios ao sucessor “desconhecido do grande público”, Paulo Raimundo. O secretário-geral demissionário, que sai devido a razões de saúde, adianta também que vai deixar também o lugar de deputado na Assembleia da República.

No discurso de saída, Jerónimo faz uma avaliação do país, apontando que “há muito exige que se tomem medidas que enfrentem seriamente os problemas, não como aquelas do Governo que fogem ao essencial”. Com as política atuais, existe um “risco de empurrar o país para recessão económica e degradação da vida do povo”, argumenta, lançando também críticas ao Orçamento do Estado, que “não responde aos problemas”.

Tanto o OE como os acordos alcançados na concertação social e com a Função Pública “refletem a natureza de classe do governo do PS cada vez mais inclinado para a direita”, defende o líder comunista.

Jerónimo explica a sua saída com razões de saúde, tendo em conta as “exigentes correspondências às responsabilidades” que tem vindo a assumir, nomeadamente depois de uma cirurgia e consequentes sequelas. São estas condições que ditam também a saída como deputado: “tendo em conta a dimensão da bancada, esta não se compadece com ausências ou estadia momentânea”.

“Estamos em condições de avançar com solução capaz de dar mais força e dinâmica parlamentar”, assegura Jerónimo. Questionado sobre se seria Duarte Alves o seu substituto na Assembleia, assumiu que era uma possibilidade mas não se comprometeu ainda com nomes.

Já sobre o sucessor ao leme do PCP, Paulo Raimundo, assume que este “pode ser desconhecido do grande público, tendo em conta que constitui uma novidade”. Mesmo assim, referiu o seu próprio exemplo: “quando fui indicado havia setores que se perguntavam se eu comia, se eu dançava, qual era o meu nome. Lembro-me de uma cena em que um homem dirigiu-se furioso e disse: deem cabo do resto, o poder a esse tal Germano, e vão ver”, lembra.

“É um homem sensível, que compreende as coisas de forma célere, é um camarada modesto, que ouve muito os outros e nunca teve responsabilidades de setores sindicais”, tendo também um “conjunto de potencialidades”, caracteriza Jerónimo de Sousa. Está marcada uma reunião para dia 12 de novembro, “onde será presente proposta de eleição de Paulo Raimundo” e assim formalizada a sucessão.

O primeiro-ministro já reagiu ao anúncio de Jerónimo, recordando que foi ele que “deu o primeiro, corajoso e decisivo passo que, em novembro de 2015, abriu as portas a uma nova relação na esquerda portuguesa“, levando à formação da Geringonça. Além disso, sublinhou também a “cordialidade e empatia” do líder demissionário do PCP, por quem diz estar ligado através de uma “profunda estima”.

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