Exportações de calçado português para EUA aproximam-se dos 100 milhões este ano

  • Lusa
  • 8 Novembro 2022

“Com o dólar em baixa, este é o momento da verdade para o calçado português naquele que é o maior mercado do mundo. Os números confirmam essa opção estratégica”, diz a APPICAPS.

As exportações portuguesas de calçado para os EUA deverão aproximar-se dos 100 milhões de euros este ano, face aos 75 milhões de 2021, sendo este “o momento da verdade” do setor naquele mercado, avançou esta terça-feira a associação APICCAPS.

Com o dólar em baixa, este é o momento da verdade para o calçado português naquele que é o maior mercado do mundo. Os números confirmam essa opção estratégica”, sustenta a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) numa newsletter. “Este é o nosso momento no mercado norte-americano”, enfatiza o presidente da associação, Luís Onofre, citado no documento.

De acordo com os dados da APICCAPS, em 2021 os EUA importaram 2.423 milhões de pares de calçado, no valor de 28.300 milhões de dólares (cerca de 28.301 milhões de euros, ao câmbio atual), destacando-se a China (quota de 63% em quantidade), o Vietname (22%) e a Indonésia (5%) como principais fornecedores.

Ainda assim, ressalva, “os principais players europeus continuam a desbravar mercado”, sendo disso exemplo o caso português: Depois de as exportações terem crescido 15,1% em 2021, para 75 milhões de euros, no primeiro semestre deste ano as vendas de calçado nacional para os EUA aumentaram 66%, para 54 milhões de euros, sendo cada par vendido ao preço médio de 36,86 euros.

O mercado americano é, nesta fase, o sexto mercado de destino das exportações portuguesas de calçado, mas está particularmente próximo da relevância do Reino Unido”, destaca a associação. Citada pela APICCAPS, a especialista de mercado Leslie Gallin aponta os EUA como “uma grande oportunidade para as empresas portuguesas”.

“Os retalhistas americanos estão à procura de novos produtos e de novos operadores no mercado, capazes de criar parcerias duradoiras e boas oportunidades de negócio. Há uma crescente procura por novas marcas, novos produtos e Portugal reúne todas as características para poder triunfar”, sustenta a antiga presidente da empresa de serviços de ‘marketing’ e eventos de moda UBM.

Gallin adverte, porém, que a aposta no mercado norte-americano deve ser consistente: “Nada acontece do dia para a noite. Como em qualquer negócio, é necessário um plano – pelo menos um plano de três anos – e muita dedicação”. Segundo refere, a procura de “um representante ou agente local é a forma mais tradicional, mas também acarreta riscos”, sendo que o importante é “fazer parte da indústria nos EUA, criar um relacionamento com os compradores ou com associações de comércio”.

“Têm de fazer parte da família”, sustenta, considerando que “marcar presença em eventos comerciais é a melhor maneira de construir uma marca no mercado americano”, sendo igualmente fundamental “criar uma boa história e apostar em imagens fortes e sugestivas”.

De acordo com a Federação dos Retalhistas e Distribuidores de Calçado Norte-americanos (FDRA), o consumo de calçado nos EUA atingiu um novo máximo histórico em 2021. Em declarações ao World Footwear, o presidente da FDRA, Matt Priest, atribui este facto, por um lado, à capacidade do setor em oferecer “os produtos adequados à procura” e, por outro, ao “bom desempenho económico geral do próprio país”, impulsionado por “uma forte assistência do Governo”.

Ainda assim, Priest alerta que nem tudo são boas notícias: “O Governo norte-americano despejou tanto dinheiro no nosso sistema, em resposta à pandemia, que criou uma enorme pressão inflacionária” que é preciso, agora, controlar, diz. Apesar do desafiante enquadramento económico geral que atualmente se vive, o dirigente da FDRA prefere destacar os sinais positivos: “Estamos otimistas de que será um bom ano”, afirma.

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