Maioria das empresas aumenta investimento climático mas arrisca falhar zero carbono

Relatório da Accenture alerta que se as organizações não duplicarem a taxa de redução de emissões de carbono até 2030, a maioria não conseguirá cumprir os objetivos de descarbonização para 2050.

O aumento da inflação e insegurança energética estão a comprometer os objetivos de neutralidade carbónica e a torná-los “inatingíveis”, embora as organizações estejam cada vez mais empenhadas em definir metas claras e a alocar recursos suficientes que permitam concretizar esses compromissos. Segundo um estudo da Accenture, apesar de as organizações terem atingindo um “aumento recorde no número de metas corporativas validadas pela iniciativa Science-Based Targets (SBTi)” este ano, 93% das organizações estão em risco de falhar os objetivos de neutralidade carbónica previstos para 2050.

Se as organizações não duplicarem a taxa de redução de emissões de carbono até 2030, a maioria não conseguirá cumprir os objetivos estabelecidos pelo Net Zero 2050“, lê-se num estudo divulgado esta quarta-feira, no qual a consultora dá conta que apesar de mais de um terço (34%) das maiores empresas do mundo estarem já comprometidas com a descarbonização, a maioria (93%) não deverá conseguir atingir os seus objetivos se não duplicarem o ritmo de redução de emissões até 2030.

Com base numa análise dos compromissos de redução de emissões e dos dados das 2000 maiores organizações públicas e privadas em todo o mundo, o estudo Accelerating Global Companies toward Net Zero by 2050 da Accenture, conclui que o aumento da inflação dos preços da energia e da insegurança no fornecimento, potenciada pela guerra na Ucrânia, “está a tornar os compromissos inatingíveis”, mesmo que mais empresas em cada região estejam a estabelecer metas claras e publicamente visíveis de descarbonização. De facto, o relatório dá conta que 84% das empresas planeiam aumentar os investimentos nas suas iniciativas de sustentabilidade antes do final de 2022.

O estudo conclui que a aceleração para o zero carbono vai exigir maiores capacidades de incorporação de “inteligência carbónica” e dos critérios ESG (ambiente, social e governança) nos seus negócios core e nas cadeias de valor. “Isto inclui a integração de dados de carbono, energia e outros dados de sustentabilidade e insights, em informação de negócios financeira e operacional para ajudar a impulsionar a tomada de decisões diárias”, explica a consultora britânica.

Maximizar o valor das tecnologias maduras, como as energias digitais e certas renováveis, ao mesmo tempo que se acelera a implementação de soluções inovadoras como o hidrogénio, será fundamental. Mais importante ainda, alcançar o net zero exigirá transformações urgentes e profundas, uma vez que se trata de incorporar a sustentabilidade em tudo o que as organizações fazem, redefinindo o seu propósito, cultura e modelos de negócio

Jean-Marc Ollagnier, CEO da Accenture na Europa.

Com isto em conta, apenas 7% das empresas estão no caminho certo para atingir os seus objetivos de 2030 para descarbonização no que toca às emissões de scope 1 — emissões diretas provenientes de fontes próprias ou controladas — e de scope 2 — emissões indiretas provenientes da geração de eletricidade adquirida, vapor, aquecimento e arrefecimento consumidos pela organização. Se o cenário tiver em conta os objetivos para 2050, essa percentagem sobe mas apenas ligeiramente: 8%.

E, mesmo num cenário em que as empresas aceleram a redução de emissões para o dobro das taxas atuais, até 2030, e depois para o triplo, em 2050, as previsões mantém-se pouco animadoras, com mais de metade (59%) a permanecer em risco de falhar até meados do século, tal como prevê o Acordo de Paris.

“Agora é talvez o momento mais difícil para ser um CEO comparado com qualquer outro período no passado recente, em particular, tentar equilibrar os compromissos de sustentabilidade, pressões da inflação e recessão e a necessidade de entregar valor tanto para acionistas como outros, cita o relatório as declarações de Peter Lacy, diretor de Sustentabilidade da Accenture.

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