Medina sublinha impacto das medidas do crédito na evolução da procura

Bancos defendem diploma, mas querem ver os detalhes finais. Medidas serão publicadas “nas próximas semanas”. Ministro das Finanças destaca impacto na procura agregada.

O ministro das Finanças considera que as medidas para o crédito da casa – que deverão ser publicadas nas “próximas semanas – irão transmitir segurança às famílias, e enfatizou a importância que terão na procura agregada no próximo ano, que vai registar um “abrandamento com significado”.

“Quanto mais rapidamente tivermos estes mecanismos a funcionar, quanto mais rapidamente conseguirmos transmitir e assegurar tranquilidade às famílias e organizar uma rede de proteção, é não só importante do ponto de vista da relação dos bancos com os seus clientes e do seu funcionamento, mas transcende essa relação, tem a ver com o equilíbrio da evolução da procura agregada”, afirmou Fernando Medina na Money Conference, organizada pelo Diário de Notícias, Dinheiro Vivo e TSF.

Face ao “abrandamento com significado” no consumo que se projeta no próximo ano, Medina disse que é importante assegurar uma taxa de crescimento positiva tendo em conta que 2023 será “um ano de muito elevada utilização da capacidade produtiva do país”.

“Se assim o conseguirmos, iremos assegurar o mercado de emprego, (…) e ao assegurar, do ponto de vista financeiro, o Estado, asseguraremos a dívida e asseguraremos um círculo virtuoso”, destacou o ministro no encerramento da conferência.

Nesse sentido, Medina deu uma palavra de reconhecimento aos bancos, que são novamente um ativo – como foram na pandemia. “Portugal tem hoje um sistema sólido, robusto, que está a servir os portugueses, isso é mérito de tantos e tantos que trabalharam. É um ativo que o país dispõe”, disse. “Houve momentos em que era a principal dor de momento quando o ministro das Finanças se deitava e quando acordava também. É um ativo que temos de saber mobilizar”, disse.

Num painel anterior, os responsáveis dos principais bancos defenderam as medidas para o crédito da casa que o Governo acabou de criar, mas esperam pelos detalhes.

A preocupação do Governo “não é só legítima como indispensável”, disse Miguel Maya, que levantou dúvidas sobre como as medidas serão concretizadas no diploma. O líder do BCP voltou a falar em incentivos errados que o diploma pode trazer. E deu um exemplo de um cliente que se endividou muitíssimo junto do crédito ao consumo noutro banco. “Por que razão é o banco com crédito à habitação que o vai ter de suportar?”, questionou. “Há detalhes que é muito importante afinar”, disse.

Maya sublinhou que os bancos “não querem ficar com as casas” das famílias, mas lamentou que se coloque o “ónus” nos bancos que financiam a economia.

Por seu turno, o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, adiantou que o impacto da subida dos juros será menor junto das famílias que compraram casa há mais tempo, pois têm uma prestação da casa mais baixa.

“Onde poderá haver um problema maior é nas compras mais recentes e por mais jovens”, destacou. Em relação aos mais jovens, Macedo também disse que são os que têm mais possibilidades no mercado de trabalho pois são mais qualificados. “Teremos de ver se precisam de ser apoiados e cá estaremos”.

Tal como Miguel Maya, Paulo Macedo também questionou o facto de ter de ser os bancos a contactarem os clientes. “É discutível se não devia ser ao contrário”.

O CEO do Banco Montepio, Pedro Leitão, disse que “não deixará de dar apoio nem mais, nem a menos um cliente pelo facto de termos algum esclarecimento adicional” sobre o diploma.

Também Miguel Belo, administrador do Santander, considerou ser uma “medida importante”, reforçando uma medida que está em vigor desde 2012 e que os bancos têm vindo “a aplicar de uma forma permanente, sempre que se justifique”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Medina sublinha impacto das medidas do crédito na evolução da procura

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião