“IA está a dar às seguradoras poderes divinos”, diz japonesa Sompo
A seguradora japonesa Sompo recorre a IA e análise de Big Data de utentes dos seus lares para propor prémios e seguros de saúde feitos à medida. O chefe da empresa aponta conhecimentos "divinos".
A inteligência artificial (IA) e os programas informáticos de avaliação de informação de última geração permitem que os subscritores prevejam fatores como o clima, desastres naturais e até mesmo a probabilidade de desenvolvimento de patologias. Conhecimentos que, antes, “só Deus sabia”, diz o presidente da Sompo, uma das maiores seguradoras japonesas.
A afirmação de Mikio Okumura, chefe da Sompo Holdings, surgiu enquanto a companhia anunciava o lançamento, no Japão, de um pacote de seguros de saúde focados no risco de demência. O produto, feito à medida, baseia-se na avaliação de informações clínicas, como batimentos cardíacos, necessidades alimentares e padrões de sono, captada a partir de dados de centenas de residentes em casas de repouso associadas à Sompo.
As declarações surgem após um investimento de 500 milhões de dólares da Sompo na Palantir, uma empresa americana especialista na avaliação de grandes quantidades de informação, ou ‘big data’, e depois do anúncio da participação de 22% na startup japonesa de AI, Abeja.
“Poderemos agora analisar factores que, no passado, só Deus sabia, graças à tecnologia, incluindo a IA”, mencionou Okumura, ao apresentar um plano de seguros que não só compensa os clientes adequadamente se sofrerem de demência, mas que encoraja o atraso do aparecimento da doença, através do incentivo de mudanças de comportamento.
A Sompo utiliza cerca de 500 unidades de informação obtidas a partir de dados de 80 mil residentes dos seus lares de idosos, um negócio em que a companhia apostou em 2015, e que impulsionam a criação de coberturas de seguros preventivos que prometem a adaptação ao estilo de vida e hábitos de cada utente.
Em 2020, estimava-se que 6,3 milhões de indivíduos sofressem de demência no Japão, e a estimativa é suscetível de atingir os 11 milhões até 2060, ou seja, pelo menos, um em três habitantes idosos, segundo estatísticas do governo japonês.
A experiência com a Palantir foi anunciada como uma forma de criar modelos que permitissem aconselhar melhorias nos planos de cuidados de saúde para cada residente dos lares. Mikio Okumura espera que os dados possam agora servir também a sua principal seguradora, permitindo à empresa desenvolver uma oferta de seguros que “evite riscos”.
“Vamos incentivar os nossos clientes a mudarem de comportamentos em relação à saúde, e tal solução poderia também ser aplicada aos seguros de saúde dos indivíduos que ainda estão em idade ativa“, sugeriu Okumura. “Se os segurados conseguirem retardar os sintomas de demência [por dois ou três anos], poderemos oferecer-lhes coberturas de seguro mais vantajosas”.
O líder explicou: “isto reduzirá os encargos para as famílias que os apoiam, prolongará a esperança de vida saudável dos clientes e diminuirá os encargos da seguradora. Como resultado, o sistema de segurança social tornar-se-á mais sustentável“, acrescentou Okomura.
A Sompo, em conjunto com diferentes seguradoras, está aberta a utilizar ferramentas cada vez mais eficazes para substituir os modelos das empresas de seguros num “mundo cada vez mais afetado pelos resultados das alterações climáticas”. Isto, numa altura em que as seguradoras, globalmente, têm enfrentado aumentos abruptos nos encargos relacionados a catástrofes naturais.
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