EUA sugerem que queda de míssil na Polónia foi causada pela defesa antiaérea ucraniana
Uma primeira avaliação dos EUA às circunstâncias da queda de um míssil na terça-feira em território polaco refere que pode dever-se a disparos das forças ucranianas contra um projétil russo.
O míssil que na tarde de terça-feira atingiu território da Polónia, causando a morte de duas pessoas, poderá ser da defesa antiaérea da Ucrânia, isto é, pode ter sido disparado pelas forças ucranianas contra um míssil russo. A informação começou por ser noticiada pela Associated Press, citando autoridades norte-americanas, tendo sido entretanto confirmada pelo Presidente dos Estados Unidos aos países aliados, segundo uma fonte da NATO citada pela Reuters.
Na noite de terça-feira, Joe Biden já dissera que as informações iniciais indicavam que era “improvável” que o incidente tivesse sido causado por um míssil disparado pela Rússia, depois de o Pentágono dizer que não conseguia confirmar nem desmentir os relatos de que teriam sido mísseis russos a atingir a Polónia.
Quando ainda se encontrava em Bali, na Indonésia, para a cimeira do G20, o Presidente norte-americano convocou uma reunião de emergência do G7 e dos líderes da NATO, visto que, se fosse o caso de um ataque deliberado e hostil à Polónia, membro da aliança atlântica, poderia desencadear uma resposta militar coletiva.
Era esperado que os embaixadores da NATO se reunissem esta quarta-feira a pedido da Polónia, com base no artigo 4.º da Aliança, que prevê uma reunião dos países membros “sempre que, na opinião de qualquer um deles, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das partes”.
No entanto, de acordo com a agência noticiosa Efe, a Polónia vai comunicar aos países membros da NATO que o míssil que caiu no seu território na terça-feira era ucraniano e, nesse sentido, não vai ativar o tratado da aliança. “Nada prova que tenha havido um ataque intencional contra a Polónia”, afirmou o Presidente polaco, Andrzej Duda.
Também um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, citado pela Reuters, disse que a reunião da aliança desta quarta-feira em Bruxelas não irá decorrer sob o artigo 4.º. Será antes, segundo o primeiro-ministro da Eslováquia, Eduard Heger, com foco no pedido de reforço das defesas aéreas no leste europeu.
Na primeira reação ao incidente, ainda na terça-feira, o Presidente da Polónia havia dito que o míssil que atingiu território polaco é, “muito provavelmente”, de fabrico russo, mas que “não há provas sobre quem o lançou”. Antes, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, convocou de imediato uma reunião de emergência do Comité do Conselho de Ministros do país para os Assuntos de Segurança e Defesa Nacional.
O Ministério da Defesa russo, por sua vez, negou estar por detrás de “quaisquer ataques a alvos perto da fronteira ucraniano-polaca” — que o Presidente ucraniano, Volodymr Zelensky, decretou como “uma escalada muito significativa” — e disse numa declaração que as fotos de alegados danos “não têm nada a ver” com armas russas.
A mensagem do Kremlin foi reiterada esta quarta-feira pelo chefe da missão permanente de Moscovo na ONU, Dmitry Polyansky, que, através do Telegram, disse que a Rússia “não tem nada a ver” com a queda do míssil na Polónia e que “os factos demonstram que o incidente foi uma tentativa de provocar confronto direto entre a NATO e a Rússia“.
Já o secretário-geral das Nações Unidas defendeu, na noite de terça-feira, que é “absolutamente essencial” evitar a escalada da guerra na Ucrânia, mostrando-se “profundamente preocupado” com a queda de um míssil de fabrico russo na Polónia. Numa breve declaração transmitida pelo porta-voz da ONU, António Guterres apelou a uma “investigação exaustiva” do incidente.
O Presidente da Turquia, Recep Erdogan, afirmou que o míssil que caiu em território polaco “pode ter sido resultado de um problema técnico”, acrescentando que a sua expectativa é de que “a poeira irá assentar” e serão averiguadas as circunstâncias que levaram à morte de duas pessoas naquele país.
(Notícia atualizada às 10h55 com as declarações de Biden aos aliados da NATO de que o míssil que atingiu a Polónia era da defesa aérea ucraniana e às 11h25 com a reação da Polónia e as declarações da Alemanha e da Eslováquia)
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