Centeno prevê “redução muito substancial” dos dividendos do Banco de Portugal
Impacto da subida das taxas de juro na carteira de dívida vai “pressionar” capacidade do BdP de gerar resultados nos próximos anos. Dividendos vão ter “redução muito substancial”, antecipa governador.
“A previsão que temos neste momento é de uma redução muito substancial do que possam ser dividendos do Banco de Portugal nos próximos anos”, adiantou esta quarta-feira o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, justificando a redução dos resultados com o impacto da subida acelerada das taxas de juro na carteira de dívida este ano.
“O custo de financiamento dos bancos centrais, em virtude das taxas de juro negativas que vivemos durante muito tempo e desta súbita alteração da taxa de juro, é mais oneroso do que o retorno dos ativos dos bancos centrais, e isto gera pressão nos seus resultados”, explicou.
As expectativas do Governo apontam para que o Banco de Portugal pague dividendos de 240 milhões de euros em 2023, o que compara com os dividendos de 406,4 milhões de euros que o banco central anunciou pagar este ano, traduzindo-se numa queda de 41%.
Mário Centeno lembrou que muitos bancos centrais na Europa vão ter resultados negativos em 2022, mas não será o caso de Banco de Portugal.
O governador explicou que a evolução dos lucros do supervisor português — como dos outros bancos centrais do Eurosistema — “é o resultado da expansão do balanço em sequência das medidas adotadas nas últimas crises”, em que esteve a comprar dívida pública de forma a animar a economia.
Isso “gerou um retorno na forma de resultados muito positivos” nos últimos anos com Carlos Costa, permitindo ao Banco de Portugal acumular “reservas e provisões que são mais do que suficientes para cobrir estes custos” que está a ter na carteira este ano.
Ainda assim, “a inversão rápida das taxas de juro” vai gerar “impacto muito pressionante na capacidade de gerar resultados” da instituição agora liderada por Mário Centeno nos próximos anos.
(Notícia atualizada às 13h48)
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