PCP acusa Governo de manter as “contas certas” à custa de salários
“O caminho da maioria governamental é o do assobiar para o lado face aos lucros que vão crescendo cada vez mais", critica o líder comunista, Paulo Raimundo, que vê o PS alinhado com PSD, IL e Chega.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou esta quinta-feira o Governo e o PS de assobiar para o lado e de manter as contas certas à custa dos salários e das pensões, aliado ao PSD, à Iniciativa Liberal (IL) e ao Chega.
“O caminho da maioria governamental e da maioria da Assembleia da República é o do assobiar para o lado face aos lucros que vão crescendo cada vez mais e o do acerto de contas à conta dos salários, das pensões do investimento público e da produção nacional”, afirmou Paulo Raimundo, criticando o rumo que o PS escolheu trilhar “ao lado do PSD, da IL e do Chega”.
Num almoço-comício em Valado dos Frades, na Nazaré, o secretário-geral do PCP disse que “bem pode o PS vender a ideia que negoceia com outros partidos, votando a favor de propostas do Livre e do PAN”, quando, na verdade “escolheu o seu caminho”, num “rumo que tem como matriz fundamental as chamadas contas certas”.
Não há ninguém aqui que não seja de e por contas certas, mas há diferentes caminhos e diferentes contas certas.
Perante cerca de 350 militantes e simpatizantes do partido, naquela que foi a sua primeira intervenção política no distrito de Leiria, Paulo Raimundo garantiu: “Não há ninguém aqui que não seja de e por contas certas”, mas lembrou que “há diferentes caminhos e diferentes contas certas”.
Depois de ver chumbadas, no Parlamento, “medidas que permitiam travar o rumo de desastre que está em curso”, o líder do PCP criticou o PS por ter recusado a “mudança urgente e necessária” nas políticas nacionais e ter optado “pela chantagem”.
Na opinião, do secretário-geral do PCP, o Governo optou “pelo deslumbre do poder absoluto e pelo projeto que ambicionava desde 2015, pela política de baixos salários, da precariedade, de degradação dos serviços públicos, de desordenamento do território, de dificuldades no acesso à habitação”.
No rol das críticas, apontou para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), “um dos elementos centrais de abordagem no famoso Orçamento do Estado em que o PS se vitimizou e aproveitou para ir a eleições antecipadas, quando nada o obrigava”, levando a uma degradação que é hoje “exatamente aquela que o PCP alertou que iria ser, caso não fossem tomadas medidas também no plano orçamental”.
Admitindo não ter “uma varinha mágica para resolver num só dia todos os problemas do SNS”, Paulo Raimundo defendeu que o PCP tem “as soluções para desbravar esse caminho necessário”, lamentando que estas se confrontem com as opções políticas em curso, ou seja, “a realidade do desinvestimento, desvalorização dos profissionais, encerramento de serviços, empurrar para os grupos privados serviços e transferir para o negócio da doença milhares de milhões de euros que tanta falta fazem” ao sistema de saúde.
A pobreza que, segundo o PCP, afeta 2,3 milhões de pessoas, “700 mil das quais que trabalhando todos os dias não conseguem sair dessa situação”, foi outras das críticas de Paulo Raimundo, para quem é “urgente travar este rumo de acelerado empobrecimento” de amplas camadas da população que sentem na pele “o roubo nos salários e pensões ao mesmo tempo que lhe são apresentados diariamente incríveis crescimentos de lucros de alguns poucos”, como a grande distribuição.
“Não nos peçam compreensão, não nos tentem convencer de que vamos ter de continuar a viver pior, em estado de emergência ou em contingência”, disse o líder do PCP, desafiando o Governo a não “chantagear enquanto assobiam para o lado com a brutal concentração da riqueza que se vai acumulando num par de mãos”.
“Isto não tem, não pode e não vai continuar assim”, defendeu Paulo Raimundo, incentivando os militantes presentes no almoço a fazer “das injustiças força para lutar” e fortalecer o partido que “se empenha na afirmação da alternativa política” tendo como objetivo central os direitos dos trabalhadores.
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