Teto aos preços do gás põe em causa estabilidade financeira na zona euro, alerta BCE

Entidade liderada por Christine Lagarde reconhece valor da proposta, mas alerta que atual desenho do mecanismo apresentado pela Comissão Europeia põe em causa estabilidade financeira na zona euro.

O Banco Central Europeu (BCE) admite estar preocupado sobre os potenciais riscos a que mercado financeiro ficaria exposto com a aplicação do teto aos preços do gás proposto pela Comissão Europeia.

Em causa está a proposta apresentada, em novembro, pela Comissão Europeia, que visa ativar um limite temporário nos contratos de gás, se se verificarem duas condições em simultâneo. Por um lado, o limite é ativado se o preço nos contratos de gás natural para o mês seguinte forem, durante duas semanas, superiores a 275 euros por megawatt-hora (MWh) na plataforma holandesa TTF (Title Transfer Facility), a referência nos mercados europeus de gás natural. Ao mesmo tempo, para efetivar o limite, terá de se verificar que o preço de referência no TTF é ais elevado em 58 euros que o preço de referência para o gás natural liquefeito (LNG), durante 10 dias consecutivos de negociação.

No entanto, vários Estados-membros rejeitaram a proposta, argumentando ser insuficiente para dar resposta à crise energética, enquanto países como a Alemanha e os Países Baixos pediram que o executivo comunitário desse garantias de que a medida não iria afetar a estabilidade dos mercados.

Agora, surge o BCE a lançar um alerta sobre a imposição deste limite. Apesar de Christine Lagarde reconhecer o potencial “alívio” que poderá resultar da medida, o desenho atual do mecanismo de correção de preços “pode comprometer estabilidade financeira na zona euro”.

“O BCE reconhece que os mecanismos destinados a moderar os níveis extremos de preços e a volatilidade nos mercados de gás podem, em princípio, aliviar uma série de riscos à estabilidade financeira, incluindo os riscos expostos durante períodos de preços elevados e voláteis do gás em 2022”, lê-se num documento libertado pelo banco central, esta sexta-feira.

No entanto, o BCE considera que o desenho atual do mecanismo de correção de mercado proposto pode, em algumas circunstâncias, comprometer a estabilidade financeira na zona euro”, acrescenta a entidade liderada por Christine Lagarde.

Na nota, o banco central explica que o teto “pode aumentar a volatilidade” desafiando a capacidade dos bancos “gerirem os riscos financeiros”.

Tudo isto, defende, são “considerações, relevantes para o sistema financeiro” e, por isso, recomenda que “devem ser tidas em conta” pelo Conselho da União Europeia nas negociações sobre o mecanismo.

A proposta, apresentada no final do mês passado, ainda está em negociações entre os 27 Estados-membros e de acordo com fontes ouvidas pelo CNBC o consenso ainda está longe de ser alcançado. Países opositores, como a Grécia pedem que o teto baixe até 150 euros por megawatt-hora, de forma a tornar o limite “mais realista” e conferir resultados mais significativos.

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