Cravinho diz que abriu caminho à investigação “Tempestade Perfeita”
“Se estamos hoje com esta matéria a ser investigada nas instâncias próprias, é exatamente porque aquilo que eu fiz na Defesa foi agir em conformidade com a informação que tínhamos", disse o ministro.
O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou esta terça-feira ter feito “exatamente aquilo que devia fazer” relativamente às suspeitas de corrupção no Ministério da Defesa, abrindo caminho à investigação “Tempestade Perfeita”.
“Se estamos hoje com esta matéria a ser investigada nas instâncias próprias, é exatamente porque aquilo que eu fiz na Defesa foi agir em conformidade com a informação que tínhamos, no respeito pela lei e pelo bom nome do Ministério da Defesa Nacional”, declarou João Gomes Cravinho.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, que tutelou a Defesa Nacional entre 2018 e 2022, discursava no arranque do debate parlamentar, requerido pelo Chega, sobre “as suspeitas de corrupção no Ministério da Defesa Nacional”.
Neste discurso inicial, João Gomes Cravinho lamentou que haja quem se queira “aproveitar politicamente de um processo judicial que procedeu, e procede, de forma escorreita”.
Na audiência, Cravinho garantiu não ter autorizado um aumento de despesa além dos 750 mil euros inicialmente previstos para a requalificação do antigo Hospital Militar de Belém quando tutelava a Defesa.
“Se eu autorizei algum acréscimo de despesa para além dos 750 mil euros? Não, a resposta é não, não autorizei, nem aliás me foi solicitado que autorizasse”, assegurou João Gomes Cravinho, no parlamento.
Depois das perguntas dos vários grupos parlamentares, no final do debate, Gomes Cravinho lamentou ter ouvido “discursos que já estavam escritos” antes da sua intervenção inicial, que considerou ter esclarecido algumas das interrogações dos deputados.
O governante apontou ainda aos deputados uma “grande confusão temporal” a partir da qual se elaboram “as mais extraordinárias teorias”.
No início deste mês, a Polícia Judiciária desencadeou a operação “Tempestade Perfeita”, que resultou em cinco detenções, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, que respeita ao período em que João Gomes Cravinho tutelou aquele ministério.
Um dos cinco detidos é o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional Alberto Coelho, alegadamente envolvido na derrapagem nas obras de requalificação do antigo Hospital Militar de Belém, com o objetivo de o reconverter num centro de apoio à covid-19, que tinha como orçamento inicial 750 mil euros e no qual acabaram por ser gastos cerca de 3,2 milhões de euros.
A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a atuação de Alberto Coelho.
Depois de sair da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho presidiu ao Conselho de Administração da ETI (EMPORDEF – Tecnologias de Informação, S.A) entre 08 de junho de 2021 e 31 de julho deste ano, antes de pedir a aposentação, segundo informação divulgada pela empresa à Lusa.
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