Chega pede a Marcelo que “avalie bem” condições da maioria
Na opinião de Ventura, é importante questionar diretamente a ministra da Agricultura sobre esta polémica, nomeadamente sobre se "sabia ou não" e "o que sabia".
O Chega quer ouvir no Parlamento com urgência a ministra da Agricultura e apelou esta sexta-feira ao Presidente da República que avalie “e bem” se a maioria do PS tem condições para continuar a governar.
“Sucedendo-se demissão atrás de demissão, o Presidente da República tem que avaliar e avaliar bem se este governo, esta maioria, têm condições de continuar em funções”, defendeu o líder do Chega, André Ventura, em declarações aos jornalistas no parlamento.
Ventura avançou ainda que o partido entregou “logo de manhã” um requerimento para ouvir com urgência na Assembleia da República a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, sobre a polémica que levou à demissão da sua secretária de Estado, Carla Alves, pedido também elaborado pela Iniciativa Liberal. O Chega sustentou que Maria do Céu Antunes tem uma “responsabilidade grande”.
“Atenção, não tinha nada que ver com a investigação do marido porque isso qualquer político pode ter o cônjuge ou o pai ou a mãe envolvido numa investigação qualquer. A questão é que eram as contas da própria secretária de Estado que estavam envolvidas. E isso, sabendo a ministra, deveria ter sido um alerta de bom senso para que a nomeação não se concretizasse ou pelo menos ter avisado o primeiro-ministro dessa situação”, salientou.
Na opinião de Ventura, é importante questionar diretamente a ministra da Agricultura sobre esta polémica, nomeadamente sobre se “sabia ou não” e “o que sabia”.
“Porque uma coisa é saber que o marido foi acusado por corrupção, mas isso é público (…) Outra coisa era saber que nessa acusação fica claro que a própria [secretária de Estado], nas suas contas, recebeu dinheiro que não declarou, isso já era outra coisa, subia a parada ética, a tal ética republicana. E aí é estranho que uma ministra sabendo disto não tenha tomado nenhuma decisão, nem informado o primeiro-ministro”, insistiu.
Sobre o apelo feito a Marcelo, o líder do Chega reconheceu que uma eventual decisão do Presidente da República caberá ao próprio, havendo várias questões às quais o partido não é insensível. “Uma delas é sobre se há uma alternativa neste momento política, se haveria uma saída de estabilidade ou uma saída de maior instabilidade caso isso viesse a acontecer. Mas há uma coisa que o próprio Presidente já começou a ficar convencido: é impossível continuar com isto todos os dias”, considerou.
O líder do Chega mostrou-se “consciente” do “impacto significativo na vida dos portugueses, sobretudo nesta altura de crise” da realização de eleições antecipadas.
“Todos os partidos, inclusive os que ontem votaram a favor da moção de censura, [sabem] que os portugueses não querem eleições, isso é evidente. Mas uma coisa é não querer, outra é haver condições para não ter. E portanto, podemos não querer eleições, também não quero, penso que nenhum líder político neste momento tem interesse em ter eleições, mas se a maioria não resolve os problemas vamos ter que ter eleições para resolver o problema“, argumentou.
Ventura salientou que no contexto atual do Governo, com sucessivas demissões, o país “não consegue discutir mais nada”, dando como exemplos os fundos europeus, o crescimento económico ou o emprego, entre outros temas.
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