Centeno quer economia mais inclusiva: “Não fizemos o suficiente na redistribuição de riqueza”
Governador do Banco de Portugal aponta que promover o crescimento noutras partes do mundo "vai ajudar a aliviar a pressão nos preços e a ajustar as cadeias de valor".
O governador do Banco de Portugal (BdP) defende que se deve reconstruir uma globalização “mais sustentável e inclusiva”, até para aliviar as pressões nos preços e cadeias de valor. Mário Centeno diz mesmo que “não se fez o suficiente na redistribuição de riqueza”, apelando a perspetivas mais alargadas num painel em Davos, no Fórum Económico Mundial, onde o tema da desigualdade tem marcado a agenda.
“Estamos a redesenhar a globalização”, afirmou Centeno no painel Staying Ahead of a Recession (Ficar à frente de uma recessão, em tradução livre) no Fórum Económico Mundial em Davos, preferindo referir-se à tendência atual como uma “re-globalização” onde se estão a recuperar “centenas de milhões de interações na economia global”. A expectativa é que tal se possa “fazer de forma mais inclusiva”.
Centeno defende que, neste cenário em que se estão a desenhar novas interações entre os países, as “desigualdades no mundo” são relevantes e é necessário “aproveitar a oportunidade de reconstruir a globalização de forma mais sustentável e inclusiva”. “Preferia um crescimento espalhado pelo globo” do que estar a focar em “fatores de custo e ser ganancioso sobre o curto prazo”, acrescenta.
Para o governador do BdP, não se fez “o suficiente na redistribuição de riqueza”: “Temos de fazer mais e focar em perspetivas mais alargadas”, apela. “Recuperámos da Covid, o nível das economias já está de volta, mas as economias não são o mesmo“, reconhece.
Quanto à forma de desenvolver esta economia mais inclusiva, Centeno considera que se pode “usar os instrumentos que temos das políticas na Europa e nos EUA para promover o crescimento noutras partes do mundo”, o que “vai ajudar a aliviar a pressão nos preços e a ajustar as cadeias de valor”.
Além da inclusividade, Centeno foca também na necessidade de responder às alterações climáticas, apontando que se deve “aliviar a pressão em áreas que já estão sobrelotadas. “Temos bancos de desenvolvimento, fundos que podem ser direcionados, temos o setor privado”, para dar “uma resposta a um desafio global que não é específico de uma jurisdição no mundo”, remata.
Na segunda-feira, a Oxfam, uma organização humanitária, defendeu no âmbito do Fórum Económico Mundial um aumento dos impostos sobre multimilionários para combater a desigualdade, a pobreza e as alterações climáticas.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Centeno quer economia mais inclusiva: “Não fizemos o suficiente na redistribuição de riqueza”
{{ noCommentsLabel }}