Montenegro diz que quando há uma constipação na Europa, Portugal tem uma pneumonia
“Precisamos de transformar o Estado, de renovar e regenerar a administração pública, de motivar os prestadores de serviços da administração pública, de captar mais investimento”, disse o líder do PSD.
O presidente do PSD afirmou esta terça-feira que Portugal tem uma economia muito dependente e, por isso, quando “há uma constipação na Europa, normalmente isso dá uma pneumonia em Portugal”. “Nós temos exortado o Governo de Portugal a ser transformador, a ser reformista, a não contemplar os problemas. […] Nós precisamos de um poder político que os enfrente [aos problemas] e que lhes dê solução”, disse Luís Montenegro.
Em declarações aos jornalistas, o líder do PSD, que esteve em Cantanhede, frisou que esperar que o tempo resolva tudo “não é uma solução”. “Precisamos de transformar o Estado, de renovar e regenerar a administração pública, de motivar os prestadores de serviços da administração pública, de captar mais investimento”, sustentou.
Luís Montenegro apontou ainda a necessidade de Portugal ter uma “fiscalidade mais amiga” das famílias e das empresas. No seu entender, se Portugal não tomar esta posição o país vai ficar dependente das “oscilações” da União Europeia. “Se nós não fizermos isto, vamos andar sempre à espera daquilo que na União Europeia vão sendo as oscilações”, reafirmou.
Aos jornalistas lembrou ainda que existem muitas famílias e pessoas que não têm dinheiro para arcar com as despesas essenciais, seja de alimentação, da energia, de consumo de eletricidade, de gás, dos combustíveis, entre outras. “Nós temos um milhão e 900 mil portugueses que vivem no limiar da pobreza ou aliás, em situação de pobreza, com rendimento inferior a 554 euros, não fora as ajudas do Estado e esse número aumentaria para quatro milhões e 400 mil. Portanto, estamos a falar quase de metade da população portuguesa, que está no limiar de pobreza”, referiu.
De acordo com o presidente do PSD, se a economia tiver um período de recessão, de estagnação, de crescimento limitado ou anémico, isto vai dificultar a capacidade de criar condições para essas pessoas saírem do estado de pobreza. “Temos de tirar a sociedade deste estrangulamento em que, simultaneamente elas têm baixos salários ou pagam muitos impostos, ou não têm serviços públicos que lhes deem resposta àquilo que são as suas ambições legítimas e as suas necessidades quotidianas”, concluiu.
Já esta terça, o governador do Banco de Portugal falou que está confiante de que é possível evitar para já a recessão na zona euro, acreditando que o crescimento resistiu no quarto trimestre de 2022 e irá ser positivo no primeiro trimestre de 2023.
O governador do Banco de Portugal (BdP), que faz parte do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE), assinalou que “a economia tem surpreendido trimestre após trimestre”, pelo que prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro tenha escapado a uma contração no último trimestre do ano passado.
Paralelamente, revelou-se otimista para o primeiro trimestre de 2023: “talvez sejamos surpreendidos” com um crescimento positivo, salientando ser natural uma desaceleração.
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