Hackers alegam ter exposto dados roubados ao Porto de Lisboa

Burlões que reivindicam autoria do ciberataque ao Porto de Lisboa dizem ter exposto os dados que alegadamente roubaram à empresa.

Um grupo de hackers diz ter publicado a informação alegadamente roubada ao Porto de Lisboa no ciberataque que ocorreu em dezembro, apurou o ECO. Os burlões dizem que entre essa informação estão relatórios financeiros, orçamentos e auditorias, bem como dados pessoais de clientes e trabalhadores, correspondência eletrónica e outra documentação.

Contactada pelo ECO, fonte oficial do Porto de Lisboa não quis fazer comentários adicionais e remeteu esclarecimentos para os comunicados divulgados a 26 de dezembro e 6 de janeiro.

No primeiro comunicado, a administração confirma ter sido “alvo de um ataque informático, tendo sido rapidamente ativados todos os protocolos de segurança e medidas de resposta previstas para este tipo de ocorrências, estando garantida a atividade operacional” da infraestrutura.

Dias depois, já em janeiro, o Porto de Lisboa deu conta de que o ataque foi do tipo ransomware. Ou seja, os hackers terão roubado informação à empresa e exigido um resgate para não a divulgar.

“Tratou-se de um ataque de ransomware, um software malicioso usado para bloquear dados através de sistemas de criptografia. Este ataque provocou a encriptação de diversa informação, o que criou constrangimentos nos sistemas informáticos e aplicações internas da APL – Administração do Porto de Lisboa, estando os serviços administrativos a retomar a total normalidade e tendo já sido reestabelecido o portal do Porto de Lisboa”, lia-se na nota.

A empresa admitiu também ter “conhecimento da existência de dados na dark web e de um pedido de resgate, mantendo ativos todos os protocolos de segurança previstos nestas situações”. A dark web é uma parte da internet que não está imediatamente acessível à generalidade da população e onde tende a ocorrer este tipo de atividade ilícita.

O ECO não pôde verificar a autenticidade da informação que os hackers alegam ter exposto, pelo que não é possível afirmar com certeza que dados do Porto de Lisboa foram mesmo divulgados. No entanto, as alegações dos atacantes são claras e o método a que recorrem – o sequestro de dados e pedido de resgate – tem sido amplamente reportado a nível mundial.

Na deep web, num portal onde são publicados estes pedidos de resgate, o ECO constatou que o grupo de atacantes alega ter roubado a informação à empresa e deu até 18 de janeiro para não a tornar pública. A página permite uma de três coisas: pagar 1.000 dólares para estender o prazo por mais 24 horas; pagar 1,5 milhões para destruir toda a informação; ou pagar 1,5 milhões para descarregar a informação “a qualquer momento”. Os pagamentos são feitos em criptomoedas.

Na terça-feira, um dia antes do prazo, o relógio desapareceu e passou a exibir a indicação “publicado”, incluindo um suposto link para descarregar os alegados dados. Os hackers divulgaram também algumas imagens do que dizem ser informação privada roubada no ataque, incluindo um recibo de vencimento, contratos e outros documentos (cuja autenticidade também não pôde ser validada pelo ECO).

De acordo com Bruno Castro, CEO da VisionWare, uma empresa de cibersegurança, a indicação LockBit 3.0 que surge associada ao pedido de resgate é “um dos malwares utilizados” neste tipo de ataques de ransomware. “Há várias variantes. Através desse malware, podemos associar a um grupo de cibercriminosos específico. É malware recente e não será possível de recuperar [os dados] através de mecanismos de desencriptação”, explica ao ECO.

Em dezembro, o Porto de Lisboa referia que “o caso está a ser acompanhado pelo Centro Nacional de Cibersegurança e pela Polícia Judiciária, estando a APL a trabalhar em permanência e estreita articulação com todas as entidades competentes, no sentido de garantir a segurança dos sistemas e respetivos dados”. “Temos uma equipa experiente de profissionais de cibersegurança que estão já a acompanhar o caso, em conjunto com as autoridades competentes, e a realizar uma investigação aprofundada para perceber e ultrapassar a situação”, referia ainda a empresa.

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