Exportações têxteis registam recorde de vendas “amargo” em 2022

As vendas de têxteis e vestuário no estrangeiro aceleraram 13% em valor, mas encolheram em quantidade, devido à “forte contração” registada no último trimestre do ano passado.

As exportações de têxteis e vestuário ascenderam a 6.122 milhões de euros, um novo registo máximo para o setor, correspondente a um aumento de 13% no valor exportado em relação ao ano anterior.

No entanto, os industriais falam num “resultado histórico com sabor amargo”, já que as quantidades vendidas para o exterior encolheram quase 1%, sobretudo devido a uma “forte contração” superior a dois dígitos (-11%) no último trimestre do ano.

“Este diferencial entre valor e quantidade é justificado em grande medida pelo aumento generalizado dos custos de produção, em particular, devido ao aumento dos preços de energia, com especial destaque para o gás natural”, sublinha a associação do setor (ATP).

Em termos de grandes categorias de produtos, em volume, o setor exportou -0,3% de matérias têxteis (equivalente a menos 894 toneladas face a 2021), -3,3% de vestuário (3.118 toneladas a menos) e -0,1% de têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados (perda de 77 toneladas).

A instabilidade e incerteza provocada pela guerra (…) teve forte impacto no rendimento disponível, consumo e na procura das famílias, em particular nos bens não essenciais.

Mário Jorge Machado

Presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

Numa nota de imprensa assinada pelo presidente, Mário Jorge Machado, a associação descreve uma “desaceleração da procura ao longo do ano, com implicações na produção e nas exportações deste setor”.

“A instabilidade e incerteza provocada pela guerra, que trouxe graves consequências no mercado energético e originou uma inflação generalizada nos preços dos bens, serviços e um aumento das taxas de juro, teve forte impacto no rendimento disponível, consumo e na procura das famílias, em particular nos bens não essenciais”, resume o gestor.

Num ano que acabou com um saldo de 696 milhões de euros na balança comercial setorial, com uma taxa de cobertura de 113%, os mercados que registaram maiores quebras em valor foram a China (-13%) e a Rússia (-69%), enquanto a França, que é o número dois do ranking, teve o comportamento mais positivo (+21% em valor e +7,7% em quantidade) em termos homólogos.

Em Espanha, que continua a ser o principal destino das exportações do têxtil e vestuário (quota de 23,3%), os industriais portugueses recuperaram “algum do valor perdido em 2020”, tendo crescido cerca de 3% face a 2021. Ainda assim, o país vizinho ficou aquém dos valores exportados em 2019 (-11%) e, em quantidade, até perdeu 4,4% face ao ano passado.

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