Investimento de 100 milhões prepara Lisboa para novo aeroporto

A NAV Portugal inaugurou oficialmente esta terça-feira o novo sistema de gestão do tráfego aéreo e uma sala de operações renovada. Investimentos permitirão fazer face ao aumento da procura.

Filas de computadores com écrans de grandes dimensões ocupam uma sala branca e ampla, à média luz, nas instalações do Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa. Lá dentro, os controladores vigiam quer os aviões que se fazem à pista do Humberto Delgado quer os que apenas sobrevoam o espaço aéreo nacional, importunados esta terça-feira pela visita do ministro das Infraestruturas, de administradores da ANA e da TAP e de outras personalidades do setor para a inauguração oficial.

INAUGURAÇÃO OFICIAL DO NOVO SISTEMA DE GESTÃO DE TRÁFEGO AÉREO - TOPSKY - 14FEV23
O ministro João Galamba na inauguração do sistema de gestão de tráfego aéreo “Topsky” na sala de operações de controlo de tráfego aéreo.Hugo Amaral/ECO

A nova sala representou um investimento de cinco milhões e melhorou as condições de quem nela trabalha, mas ainda mais relevante é o novo sistema de controlo de tráfego aéreo, o TOPSKY, que corre agora nos computadores, e custou 83 milhões. O projeto inteiro de implementação chegou aos 100 milhões, mas para Pedro Ângelo, justifica cada cêntimo.

“Acreditamos que a empresa está capacitada para responder aos novos desafios, como seja dar resposta à demanda com a construção do novo aeroporto de Lisboa”, afirmou o administrador da NAV Portugal, manifestando disponibilidade “para ajudar nos processos de decisão visitando as soluções já estudadas, e admitindo o estudo do espaço aéreo e procedimentos aeronáuticos em soluções até agora não consideradas”. Um trabalho que o Governo confiou a uma Comissão Técnica Independente, que tem até ao final do ano para entregar a Avaliação Ambiental Estratégica para o alargamento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa.

Se o novo sistema está preparado para o aumento futuro da procura, também já dá resposta aos desafios do presente. “A implementação do TOP SKY faz com que estejamos alinhados do ponto de vista tecnológico e da inovação com os outros aeroportos a nível mundial”, aponta Gonçalo Vale, também administrador da NAV Portugal. “O sistema TOPSKY é um dos mais modernos sistemas de gestão de tráfego aéreo, introduzindo novas ferramentas mais expeditas, que permitem gerir o fluxo de tráfego de forma organizada”, acrescenta Pedro Ângelo.

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Sala de operações de controlo de tráfego aéreo.Hugo Amaral/ECO

O novo software permite ganhos de eficiência, reduzindo atrasos, poupando combustível às companhias aéreas, logo reduzindo a sua pegada carbónica. Permite “um acompanhamento mais preciso, para decisões mais rápidas e eficientes na gestão do tráfego por parte dos controladores”, explica Pedro Ângelo, destacando que uma das funcionalidades é a antecipação de eventuais conflitos entre aeronaves a 20 minutos de distância, o que compara com dois minutos no anterior sistema“. A comunicação com os aviões passa também a poder usar o Data Link, assegurando maior eficácia e diminuindo o congestionamento das frequências.

Outra valência é a possibilidade de equacionar novos setores para uma maior otimização do espaço aéreo. Os setores são como caixas no espaço aéreo onde circulam os aviões. Podendo acrescentar caixas no futuro, será também possível ter mais tráfego.

O sistema anterior, o LISATM, foi desenvolvido internamente pela engenharia da NAV, tendo entrado em funcionamento em 2001. “No entanto, num cenário de elevados aumentos de tráfego aéreo, a arquitetura do sistema, começou a revelar sinais de obsolescência técnica com constrangimentos ao nível do aumento da capacidade, do processamento de dados e da introdução de novas funcionalidades”, explica o administrador da NAV.

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Vista geral da sala de operações de controlo de tráfego aéreo.Hugo Amaral/ECO

A discussão iniciou-se ainda em 2010, mas só em 2018 a NAV veio a aderir à aliança COOPANS, que junta prestadores de serviços de navegação aérea da Áustria, Croácia, Dinamarca, Irlanda e Suécia. A fase crítica de transição para o TOPSKY ocorreu entre 18 de outubro e 28 de novembro do ano passado, com limitações no tráfego aéreo em Lisboa. “Fizemos uma migração em seis semanas enquanto outros levaram seis meses”, sublinhou Pedro Ângelo. A 29 de novembro consumou-se a migração. O velho LISATM continua, no entanto, a estar disponível como redundância caso o novo venha a falhar. “Basta carregar num botão”, diz um funcionário da NAV.

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