Governo desafia empresas a “repartir o risco e os lucros” no estrangeiro
Próxima administração da AICEP ainda não tem luz verde da Cresap, mas o secretário de Estado da Internacionalização já tem “preocupações novas” para a equipa que deverá ser liderada por Filipe Costa.
Bernardo Ivo Cruz, secretário de Estado da Internacionalização, salientou este domingo que “é importante que as empresas portuguesas possam trabalhar em conjunto, ajudarem-se umas às outras e reforçar a sua capacidade de internacionalização, repartindo o risco e também o lucro desse exercício”.
Em declarações aos jornalistas à margem da Micam, a mais importante feira mundial de calçado, em Milão, o governante lembrou que a maior parte das exportadoras nacionais são de pequena e média dimensão (PME) e, por isso, “quanto mais [puderem] trabalhar em conjunto nos clusters e nas cadeias de fornecedores, mais capacidade terão para enfrentar os riscos”.
O secretário de Estado começou a manhã a percorrer os 33 stands que as empresas nacionais ocupam na feira italiana, mostrando-se agradado com a variedade dos expositores – “desde sapatos clássicos e menos clássicos, com a incorporação de outras matérias e preocupados com o conforto e a sustentabilidade” –, que, com “imaginação” e a aposta nas marcas mostram que é “errada a ideia de que os setores tradicionais perdem com a modernidade e a abertura internacional”.
Claro que estamos preocupados com o ano de 2023, que vai ser mais difícil para toda a gente. Há anos que não lidávamos com a inflação, as matérias-primas estão mais caras por causa da guerra.
“Claro que estamos preocupados com o ano de 2023, que vai ser mais difícil para toda a gente. Há anos que não lidávamos com a inflação, as matérias-primas estão mais caras por causa da guerra. As condições são mais difíceis do que foram em 2022”, reconheceu. Notou, porém, que as últimas previsões para a evolução dos principais mercados de exportação, como Espanha e Alemanha, “não são tão más” e mostram que podem escapar a um cenário de recessão.
Novo administração da AICEP aguarda “luz verde”
Bernardo Ivo Cruz garante, por outro lado, que o Executivo continua a trabalhar com as empresas “para não só reforçar a presença em mercados onde já estão, mas a ajudá-las a encontrar novos mercados, a diversificar o risco para não estarem concentradas só em alguns mercados que possam ter mais dificuldades este ano”. Em concreto, acrescentou, em referência ao plano Internacionalizar 2030, aponta os objetivos de aumentar o número de exportadoras e a diversificação dos países de destino.
Questionado sobre o que será pedido ao novo conselho de administração da AICEP, que deverá tomar posse em abril para um mandato de três anos, assim que Luís Castro Henriques apresentar as últimas contas, falou numa “preocupação nova [de] preparar as PME para um conjunto de exigências que agora fazem parte do mundo da exportação, nomeadamente a certificação ambiental, a responsabilidade social e continuar a diversificar os mercados e a colaboração entre as empresas”.
Como o ECO avançou em dezembro, Filipe Costa, atualmente à frente da AICEP Global Parques, é o nome escolhido pelo Governo para liderar a agência pública responsável pela promoção das exportações e a captação de investimento estrangeiro. A Cresap ainda não concluiu a avaliação da nova administração, mas já sabe que a tutela quer igualmente que a nova administração da AICEP “reforce a capacidade de trabalhar com as câmaras de comércio portuguesas espalhadas pelo mundo, com as associações e as confederações empresariais”. “Temos de remar todos na mesma direção”, concluiu o secretário de Estado.
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