Bloco de Esquerda quer negócio de aviões de Neeleman na comissão de inquérito da TAP
O Bloco de Esquerda quer também ver os contratos de consultoria celebrados pela companhia, incluindo a contratação da norte-americana Evercore para assessorar a TAP na atual privatização.
O Bloco de Esquerda vai pedir toda a documentação sobre o negócio de aquisição de aviões entre David Neeleman e a Airbus, que permitiu a entrada do empresário da TAP, afirmou esta quarta-feira a deputada Mariana Mortágua.
“Queremos toda a documentação que diga respeito à decisão de David Neeleman de trocar a frota de aeronaves e usar esses recursos para pagar a própria TAP no momento da privatização em 2015″, afirmou Mariana Mortágua, que é membro efetivo da comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre a tutela pública da gestão da TAP, que tomou posse estar quarta-feira.
“Esta é uma notícia que chegou já depois de ter sido constituída a CPI e que pode ter lesado a TAP. Por isso, queremos conhecer as suas consequências, perceber o que se passou e se a tutela tinha ou não conhecimento não só do negócio da venda e da troca das aeronaves, mas que este dinheiro tenha sido usado para a capitalização da TAP e, portanto, para pagar a própria privatização da TAP”, acrescentou a deputada. Para esse efeito, o Bloco de Esquerda (BE) quer ter acesso à documentação e avaliações já ao dispor da companhia aérea.
Mariana Mortágua afirmou que o BE já entregou o primeiro pedido de documentação para ser enviado à CPI. Uma vez enviado formalmente o pedido, as entidades têm dez dias para responder. Além do negócio de David Neeleman, em 2015, o partido vai focar-se em mais dois “eventos essenciais”.
A deputada revelou que o BE quer “toda a correspondência entre a administração da TAP e as tutelas políticas nos vários ministérios sobre prémios de gestão, prémios de rescisão e salários”. “Queremos perceber como foram decididos os prémios, queremos todos os elementos do contrato da CEO da TAP, todos os termos da sua negociação, incluindo a comunicação com o escritório de advogados que assessorou a TAP neste processo”, acrescentou, referindo-se à indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis, antiga administradora executiva e mais tarde secretária de Estado do Tesouro.
A atual privatização, que o Governo quer arrancar em breve, é o terceiro alvo do partido liderado por Catarina Martins. “Queremos ter acesso a todos os contratos de assessoria e de consultoria, incluindo o contrato de consultoria para assessorar a atual privatização da TAP [a Evercore]. É uma empresa norte-americana que já tinha trabalhado com a CEO da TAP no passado e queremos ter acesso ao processo de seleção desta empresa”, afirmou Mariana Mortágua. O BE quer ainda conhecer “todos os documentos que dizem respeito à escolha da frota automóvel da TAP, que justificam as decisões que foram tomadas e se havia ou não opções mais baratas, para conseguirmos dirimir as responsabilidades neste caso”.
As declarações de Mariana Mortágua seguiram-se a uma reunião da mesa da CPI e dos coordenadores de cada partido representado. Está já agendada uma nova reunião para amanhã à tarde para “apreciação e votação do regulamento da comissão e outros assuntos”.
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