Exclusivo Constitucional rejeita recurso de Casimiro e entreabre a porta à entrada de novo acionista na Groundforce

O Tribunal Constitucional rejeitou o recurso de Alfredo Casimiro contra a insolvência da empresa, um ano e meio depois de ter sido declarada.

O Tribunal Constitucional considerou não existir fundamento para o recurso apresentado pelo empresário Alfredo Casimiro contra a insolvência da Groundforce, apurou o ECO. O que deixa a decisão tomada a 4 de agosto de 2021 pelo Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa mais perto de transitar em julgado, abrindo caminho à aprovação do plano de recuperação e à entrada do novo investidor, a Menzies Aviation, que o ano passado foi adquirida pela NAS, uma empresa do Dubai.

Os administradores da insolvência esperam que a breve prazo venha a ser possível assegurar condições para poderem negociar o plano da insolvência com os credores, permitindo que possa vir a ser submetido ao tribunal no decurso do mês de maio“, afirma Bruno Costa Pereira, um dos dois gestores judiciais designados pelo Juízo de Comércio. O outro é Pedro Pidwell.

Antes disso, é preciso que a reclamação da Pasogal para o coletivo de juízes do Tribunal Constitucional tenha o mesmo desfecho da decisão singular, o que é provável. Ao que o ECO apurou, corre ainda um segundo recurso relativamente aos embargos da decisão do Tribunal de 1ª Instância, que está em fase de alegações.

O plano de recuperação prevê, como o ECO avançou, a redução do capital a zero, por via da cobertura de prejuízos passados. O que significa que os atuais acionistas — a Pasogal, de Alfredo Casimiro, que tem 50,1%, e o Grupo TAP, com 49,9% — perdem todo o capital.

De seguida será feito um aumento de capital reservado à NAS/Menzies Aviation, o investidor selecionado pelos administradores de insolvência e que reclama a liderança global no mercado de handling com operações em 58 países, num processo a que também a Swissport concorreu. A operação poderá ser aberta também à companhia área portuguesa, se desejar manter uma posição minoritária na empresa que faz a assistência em terra dos seus voos.

Para o plano de recuperação avançar terá ainda de ser aprovado pelos credores, que reclamam cerca de 47 milhões em dívidas efetivas, onde se destacam 15,5 milhões à TAP, 12,75 milhões à ANA – Aeroportos de Portugal e 2,1 milhões à Fidelidade, que fazem todas parte da comissão de credores. Outra parte substancial do bolo diz respeito aos trabalhadores, que têm 2,87 milhões em créditos efetivos reclamados.

O plano permite a capitalização da empresa por um novo investidor do setor, assegurando as condições para que a empresa se recupere e saia da situação de insolvência em que se encontra, imprescindível para que possa acudir aos concursos futuros para renovação das licenças.

Bruno Costa Pereira

Administrador de insolvência da Groundforce

Bruno Costa Pereira espera que, sendo o plano apresentado no decurso do mês de maio, este “venha a ser discutido e votado pelos credores em junho ou julho”, permitindo “a capitalização da empresa por um novo investidor, assegurando as condições para que a empresa se recupere e saia da situação de insolvência em que se encontra, imprescindível para que possa acudir aos concursos futuros para renovação das licenças“.

Mais 900 trabalhadores e contas equilibradas

A atividade da Groundforce também tem vindo a recuperar, com a capacidade no ano passado a ficar apenas a 10% da registada em 2019, devendo o exercício fechar com as contas equilibradas. Para este ano, o administrador de insolvência perspetiva que seja igualado o movimento do ano anterior à pandemia ou mesmo superado. O que tem obrigado a contrações.

Estamos a falar de uma empresa de severa importância para o país e para o funcionamento dos aeroportos e que durante a insolvência já reforçou em mais de 900 pessoas o seu efetivo e que irá continuar a contratar.

Bruno Costa Pereira

Administrador de insolvência da Groundforce

“Estamos a falar de uma empresa de severa importância para o país e para o funcionamento dos aeroportos e que, durante a insolvência, já reforçou em mais de 900 pessoas o seu efetivo e que irá continuar a contratar”, afirma Bruno Costa Pereira. Atualmente, a empresa conta com mais de 3.600 trabalhadores, diretos e através de empresas de trabalho temporário.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) e o Sindicato dos Trabalhadores dos Aeroportos Manutenção e Aviação (STAMA) anunciaram na quarta-feira uma greve para 3 e 4 de março. Este último anunciou, no dia seguinte, que a paralisação foi desconvocada, por os administradores terem demonstrado vontade em ir ao encontro das reivindicações dos trabalhadores, segundo afirmou à Lusa um dirigente sindical.

“Ninguém ganharia com uma greve no atual momento da empresa, que apesar de insolvente cumpre de forma pontual todas as obrigações e tem estado sempre absolutamente disponível para ouvir e viabilizar soluções de compromisso entre todos”, argumenta Bruno da Costa Pereira.

Estou certo de que todas as organizações sindicais reconhecem esse compromisso e essa sensibilidade e que estão absolutamente solidárias na necessidade de assegurarmos as melhores condições para a recuperação da empresa, num momento tão importante na vida da empresa e das milhares de pessoas que nela trabalham. É sobretudo por elas e para elas que a recuperação só pode ser o objetivo a atingir”, acrescenta o administrador de insolvência.

(notícia atualizada às 14h20 com informação do segundo recurso apresentado pela Pasogal)

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