Amadora é o concelho mais difícil para arrendar casa

Apesar das rendas dos novos contratos terem subido a um ritmo abaixo da média nacional, os baixos salários dos amadorenses continuam a tornar o arrendamento de uma casa no concelho um enorme desafio.

A dificuldade em encontrar casa não se resume somente a quem quer comprar casa nova. A subida galopante das taxas de juro e dos preços do imobiliário foi também acompanhada por uma forte subida dos preços do arrendamento nas maiores cidades do país.

De acordo com os últimos dados do Confidencial Imobiliário, entre 2019 e 2022 o preço do metro quadrado dos novos contratos de arrendamento subiu, em média, 35% em Portugal. Só no último ano, o valor das novas rendas aumentaram, em média, 20%. Significa que se em 2021 um imóvel com 100 metros quadrados era arrendado por 990 euros, no ano passado o preço subiu para 1.190 euros.

Entre os concelhos mais populosos, Barcelos foi o que registou a maior subida dos preços do arrendamento entre 2021 e 2022, com as novas rendas a dispararem 39%. No entanto, está longe de ser o concelho onde é mais difícil arrendar casa, porque a diferença entre os salários dos seus residentes e o preço das rendas no concelho minhoto não é das mais elevadas. Esse “galardão” pertence à Amadora há pelo menos cinco anos.

De acordo com cálculos do ECO, a renda de uma casa de 100 metros quadrados na Amadora é equivalente a 68% do rendimento médio líquido mensal de um agregado familiar residente no concelho (cerca de 1.431 euros). Desde 2019 que a taxa de esforço das famílias amadorenses se situa acima dos 60% para situações com estas características. Em mais nenhum concelho se verifica um estrangulamento tão grande no rendimento das famílias que procurem casa no mercado de arrendamento no seu concelho, tanto hoje como nos últimos cinco anos.

Isto deve-se não apenas a uma subida do preço das rendas, que só no último ano disparou 13% (e mesmo assim ficou abaixo da média nacional), mas a uma atualização muito ténue de apenas 2,3% dos salários entre 2021 e 2022.

Não muito longe da dificuldade encontrada pelos residentes da Amadora em encontrarem uma casa para arrendar no seu concelho estão os cascalenses. Segundo cálculos do ECO, a taxa de esforço média exigida a uma família residente em Cascais para arrendar uma casa de 100 metros quadrados é de 67%. Em 2018 não ia além dos 55%.

Também em Cascais o preço das rendas subiu a uma velocidade muito mais elevada que os salários: em média, as rendas aumentaram 4,3 vezes mais que os salários dos cascalenses entre 2018 e 2022.

Num patamar abaixo surgem os concelhos de Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra, que exigem taxas de esforço entre 60% e 63% às famílias que procurem arrendar uma casa de 100 metros quadrados nos seus concelhos e que aufiram rendimentos equivalentes à média dos seus residentes.

A disparidade no ritmo de subida do preço das rendas face ao aumento salarial dos residentes não é uma dinâmica exclusiva da Amadora ou Cascais. É uma dinâmica transversal a todos os concelhos. Atualmente, apenas Viseu consegue oferecer aos seus residentes uma taxa de esforço perto dos 33% no arrendamento de um imóvel de 100 metros quadrados.

A solução recai em arrendar casas mais pequenas

Para contornar o aperto financeiro gerado pela subida das rendas nos últimos anos, as famílias que também enfrentam dificuldades em aceder ao crédito à habitação, têm apenas uma solução: procurar casas mais pequenas.

Tomando por princípio que as despesas com a renda da casa não devam exceder um terço do rendimento do agregado familiar (consensualmente vista pelo setor bancário como uma taxa limite de saúde financeira), é preciso fazer algum esforço para encontrar a “casa ideal”.

Na Amadora, por exemplo, uma família com rendimentos equivalentes à média dos residentes do concelho, só consegue arrendar um apartamento incorrendo numa taxa de esforço inferior a 33% caso encontre uma casa com menos de 50 metros quadrados. Isso significa pagar uma renda média de 565 euros, segundo dados do Confidencial Imobiliário.

No Porto, para alcançar este rácio financeiro de equilíbrio, as famílias têm de se contentar com uma área de 60,5 metros quadrados e em Lisboa os imóveis que preenchem os requisitos não podem exceder os 52,5 metros quadrados.

No canto oposto surge Viseu, onde apesar do preço das rendas ter subido 54% entre 2018 e 2022 (o concelho com maior subida neste período), as famílias conseguem arrendar imóveis com cerca de 100 metros quadrados sem que tenham de incorrer num esforço financeiro superior a um terço dos seus rendimentos.

Isto acontece porque tanto o preço do metro quadrado dos imóveis arrendados no ano passado em Viseu era 47% inferior ao preço médio da média do país, como o rendimento dos agregados familiares viseenses é 7% acima da média nacional.

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