Distribuição responde a Costa Silva. Setor “não aumentou as margens de comercialização”

Associação que representa distribuidoras diz que está a comprar produtos aos fornecedores cada vez mais caros e a evitar que "o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior".

A distribuição garante que não está a aumentar as margens de negócio no atual contexto de inflação e diz que “reinventou-se” para evitar que os consumidores sofram mais impactos do aumento dos preços. Esta é a resposta da APED, associação que representa o setor, à conferência de imprensa desta manhã da ASAE e às palavras do ministro da Economia, António Costa Silva.

O setor do retalho alimentar não aumentou as margens de comercialização e reinventou-se para absorver o acréscimo generalizado dos custos operacionais, evitando que o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior”, refere o comunicado divulgado nesta quinta-feira.

Horas antes, o ministro da Economia afirmou que “é tempo da fiscalização, da regulação e de interação com toda a cadeia para identificar as causas deste comportamento completamente dissonante”. Não há forma, no entanto, de definir o que pode ser considerado um lucro excessivo.

O Governo vai intensificar as operações de fiscalização dos preços em todo o país, depois de a ASAE já ter instaurado 51 processos-crime por especulação. A evolução dos preços dos alimentos é completamente oposta à da inflação e há retalhistas com margens de lucro médias superiores a 50%, acusa a entidade liderada por Pedro Portugal Gaspar.

A APED recorda que a “distribuição está a comprar os produtos cada vez mais caros, já em 2023, aos fornecedores (indústria e produção). Estes aumentos no início da cadeia refletem a subida dos custos dos fatores de produção decorrentes dos aumentos dos preços dos fertilizantes, das rações e de outros custos relevantes”.

Em detalhe, a associação recorda que “o índice de preços do lado da produção agrícola aumentou 33,6 pontos percentuais (de 2,3% para 35,9%), do lado da indústria alimentar aumentou 18,4 pontos percentuais (evoluiu de 13,3% para 31,7%) e o índice de preços dos produtos alimentares na distribuição/retalho alimentar aumentou 16,2 pontos percentuais (passou de 3,7% para 19,9%), sempre inferior ao da indústria alimentar em cerca de 10 pontos percentuais”.

De acordo com os relatórios mensais da ASAE, o cabaz de bens essenciais aumentou de 74,9 euros em janeiro de 2022, para 96,44 euros em fevereiro deste ano. Mas, além disso, há produtos cujo aumento da margem bruta é muito significativo como é o caso das cebolas (superior a 50%); dos ovos, laranjas, cenouras e febras de porco (entre 40 e 50%); ou das conservas de atum, azeite e couve coração (30 e 40%).

A APED lembra que a distribuição alimentar ” é um negócio de volume e não de margem: a margem média do setor do retalho alimentar é, em todo o mundo, na ordem dos 2 a 3%, que compara com margens da indústria na ordem dos 15 a 20%”.

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