Preços do leite refletem aumento “brutal” dos custos de produção
Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite apela ao Governo que fixe os custos associados à energia e isente de IVA os alimentos essenciais.
A subida dos preços dos produtos lácteos ao consumidor reflete o aumento de custos desde a produção até à indústria e à distribuição, disseram esta segunda-feira os produtores, depois de várias notícias que dão conta de um aumento dos preços de alimentos essenciais a níveis acima da inflação média.
Em comunicado, a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (FENALAC) aponta que, entre janeiro de 2022 e janeiro deste ano, o preço médio do leite ao produtor no continente aumentou 60%, para 0,58 euros por litro.
Esta variação “resulta do aumento brutal dos fatores de produção, os quais, desde o início de 2021, têm crescido exponencialmente, nomeadamente a energia (60%), os alimentos para animais (58%) e os fertilizantes (200%), rubricas que representam cerca de 90% dos custos operacionais da atividade“, lê-se na nota.
Segundo os produtores do setor do leite, o preço do leite ao produtor só começou a recuperar a partir de abril do ano passado, apesar de os custos de produção terem começado a subir no início de 2021. Ao mesmo tempo, dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelavam que, em março de 2022, o indicador de preço ao consumidor onde o leite está incluído estava ao mesmo nível do ano de 2012, tendo aumentado, desde então, cerca de 31%.
“O crescimento do preço dos produtos lácteos ao consumidor reflete, por isso, o aumento de custos na fileira, desde a produção até à indústria e à distribuição”, justifica a FENALAC, à semelhança do que disse a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) esta manhã.
Embora saúde as recentes inspeções levadas a cabo pela ASAE em 123 supermercados portugueses, a FENALAC lamenta “que nada tenha sido feito nos anteriores 10 anos de evidentes preços reduzidos dos produtos lácteos, denunciado o provável incumprimento da lei que proíbe vendas abaixo do preço de aquisição”. “Nesse período, nada foi feito para defender o setor produtivo”, critica a associação que representa o setor do leite.
Os produtores de leite recusam ainda “que sejam os agricultores a suportar os efeitos diretos e indiretos da guerra e da inflação”, apelando a soluções para mitigar os aumentos dos custos de produção, tais como “custos fixos associados à energia (gasóleo e eletricidade)” e “isenção de IVA aplicável aos alimentos essenciais“.
“Este é um setor vital para a economia nacional, que fez um enorme esforço para conseguir estes equilíbrios que visam a sustentabilidade económica da fileira”, afirmou Idalino Leão, presidente da FENALAC, citado no comunicado.
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