Diretrizes para o mercado global de carbono ficam aquém das expectativas
Ao fim de três anos, as linhas orientadoras do Conselho de Integridade para o Mercado Voluntário de Carbono foram divulgadas, mas não respondem às exigências do setor.
Ao fim de três anos de trabalho, foram divulgadas as diretrizes do Conselho de Integridade para o Mercado Voluntário de Carbono, órgão de governança independente para este mercado. Mas apesar das expectativas, as linhas orientadoras parecem ter ficado aquém das exigências.
Segundo a notícia divulgada pela Bloomberg Green, esta sexta-feira, havia a expectativa de que os Princípios Centrais do Carbono (ou CCPs na sigla em inglês), identificassem quais são os piores tipos de compensações e quais as tecnologias que pouco fazem para reduzir as emissões de carbono. Além disso, antecipava-se um apelo para que os compensadores de carbono excluíssem essas tecnologias das suas operações. Mas não foi o caso.
Em vez disso, os 10 princípios divulgados centram-se na governação, no impacto das emissões e no desenvolvimento sustentável. Segundo a Bloomberg Green, a maioria repete doutrinas já conhecidas, como a necessidade de garantir que esses créditos não são usados duas vezes pela mesma entidade.
Além disso, o Conselho de Integridade inclui um requisito de revelar o utilizador final de um crédito, seja ele uma empresa ou um indivíduo.
Annette Nazareth, presidente do Conselho de Integridade, afirma que a nova documentação é “um passo importante para um mercado transparente e regulado, onde os compradores podem facilmente identificar e fixar o preço dos créditos de carbono”.
Porém, os players do mercado consultados pela Bloomberg Green consideram que as orientações ficam aquém das bases fundamentais para ajudar a garantir que os fundos são canalizados para os projetos e para as pessoas mais indicadas.
Verra, a maior certificadora de créditos de carbono, trabalhando para empresas como a Shell, Disney ou Gucci, e que enfrentou alegações de emissão sistemática de créditos, apoiou as novas linhas orientadoras, sublinhando que “aguarda com expectativa a revisão” do documento.
Mas para Gilles Dufrasne, responsável pelos mercados globais de carbono na organização sem fins lucrativos Carbon Market Watch, os CCPs apresentados representam um avanço, mas são “insuficientes” em termos de fazer o que é necessário para produzir impacto. “O conceito de compensação deveria ser abandonado”, defende.
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