Exclusivo Repsol de olho no leilão de eólico offshore em Portugal

A empresa afirma estar a apostar na descarbonização da atividade em Sines e não só, além de pretender, a nível global, diversificar a atividade, alargando o portefólio de energias limpas.

A Repsol está interessada em analisar o caderno de encargos do leilão para a instalação de projetos de eólico offshore (no mar), que o Governo espera lançar até ao último trimestre do ano, afirma Juan Lorenzo Boix Arenas, diretor do projeto de expansão do Complexo Industrial de Sines, em declarações ao Eco/Capital Verde.

“Vamos continuar a querer progredir neste tipo de energias: hidrogénio verde e também eólico offshore. Temos de ver o que faz mais sentido para os nossos ativos em Portugal”, indica o responsável.

A verificar-se o interesse, que só poderá ser confirmado depois de serem conhecidas as condições do leilão, a Repsol não estaria a lançar-se pela primeira vez nesta indústria em Portugal. A petrolífera já é uma das empresas parceiras no consórcio WindPlus, que inclui Repsol, EDP Renováveis, Engie e Principle Power, as responsáveis pelo primeiro parque de eólico offshore flutuante do mundo, o WindFloat Atlantic, ao largo de Viana do Castelo.

A empresa já está a produzir hidrogénio verde em Sines, mas em pequenas quantidades – não serve para satisfazer as necessidades energéticas das fábricas. Este hidrogénio é produzido para ser incorporado em alguns produtos. Os custos de produção desta energia ainda não permitem que a Repsol a considere, para já, como uma alternativa energética, embora acredite que no futuro este gás “tem de fazer” parte da estratégia da empresa.

Novos projetos de energias limpas viriam a contribuir para os objetivos de descarbonização da empresa, que tem vindo a investir nesse sentido em Sines, mas para já só tem planos concretos até 2025 – a partir daí, diz estar a avaliar quais as melhores hipóteses para aumentar a sustentabilidade das operações.

Neste âmbito, a empresa está a testar uma solução de economia circular em Tarragona, que espera trazer para Portugal. No país vizinho, estão a ser usados resíduos para produzir metanol. Por cá, os resíduos poderão servir para produzir materiais, aproveitando o carbono presente nos resíduos orgânicos, explica Juan Arenas. Mas a tecnologia ainda está em desenvolvimento.

Fábricas estão a ser eletrificadas

Há duas semanas, a Repsol marcou o início das obras do “projeto Alba”, através do qual pretende expandir as instalações que detém no Complexo Industrial de Sines. A expansão consiste na criação de duas fábricas novas e alguns projetos complementares, que vão ajudar na descarbonização da atividade.

As duas fábricas representam um investimento de 657 milhões de euros, aos quais acrescem 110 milhões de euros relativos a projetos complementares. Nesta segunda fatia está incluído o investimento em quatro blocos de painéis fotovoltaicos, com uma potência de 70 megawatts (MW). Este investimento é necessário porque, com a instalação das duas novas fábricas, as necessidades de energia elétrica vão passar de 45 MW para 115 MW em 2025, a data em que as fábricas deverão estar concluídas.

Também nas fábricas antigas estão a ser implementadas mudanças, apostando na eletrificação de dois equipamentos que eram alimentados com energia térmica, com base em combustíveis fósseis. Estas mudanças custarão cerca de 35 milhões de euros, aos quais se somam 40 milhões de euros que terão de ser investidos numa subestação elétrica.

A instalação das duas novas fábricas no complexo vai ainda permitir que as matérias produzidas em Sines (400.000 toneladas de etileno e até 200.000 de propileno) possam ser usadas e transformadas em produtos de maior valor acrescentado dentro do mesmo complexo. Atualmente, a Repsol exporta cerca de 160 mil toneladas de etileno e 200.000 toneladas de propileno.

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