Sustentabilidade: uma oportunidade de transformação da banca tradicional

  • Inês Leal Didier
  • 9 Maio 2023

Entidades devem identificar os produtos e serviços com potencial de upgrade sustentável, assim como oportunidades de inovação verde e que experimentem a criação de comunidades não financeiras.

A legislação europeia, nomeadamente o desenvolvimento da taxonomia verde e a sua aplicação às empresas financeiras, vem suportar os bancos no reporte da proporção dos seus ativos que são investidos em atividades económicas com impacto positivo, assegurando assim que o setor consegue demonstrar objetivamente o seu grau de compromisso com a sustentabilidade.

Algumas entidades financeiras aproveitaram o momento para se posicionar, apresentando-se como uma alternativa sustentável à banca tradicional, com uma oferta 100% verde. Embora seja difícil para o setor competir com esta proposta de valor, a banca tradicional pode e deve inspirar-se nestas práticas de negócio para evoluir nas suas próprias jornadas na sustentabilidade. De acordo com o Estudo da NTT DATA sobre Banca verde, os green players que se apresentam como uma alternativa sustentável à Banca tradicional suportam o posicionamento da sua oferta sobre três pilares – investimento com impacto positivo, transparência na comunicação e adaptação à comunidade. Concretamente, estes novos operadores posicionam-se em todo o espetro da cadeia de valor, nomeadamente, nos seguintes domínios:

Serviços bancários regulares

Começando pela base, nos serviços bancários regulares, a tendência é complementar a oferta de conta à ordem e cartão de débito, com funcionalidades de banca digital, que permitem ao cliente monitorizar e reduzir a sua pegada carbónica (ex.: calculadoras, insights, compensação de pegada, contribuição transacional para projetos sustentáveis).

Crédito e Poupança

Em termos de produtos de crédito e de poupança, estas instituições disponibilizam um portfólio apenas para finalidades caracterizadas como sustentáveis, beneficiando os clientes nas taxas pagas ou cobradas. Adicionalmente, reforçaram o envolvimento pessoal de cada cliente no ecossistema, permitindo o encontro direto entre aforradores e investidores, oferecendo por exemplo plataformas de crowdfunding, para que os clientes possam aplicar o seu dinheiro em projetos de financiamento coletivo.

Investimento e financiamento com impacto

Por fim, no que respeita a produtos de investimento, observamos que, para além da simples disponibilização de acesso a fundos de ações e obrigações de empresas com indicadores sustentáveis, alguns players começam a criar os seus próprios produtos complexos alinhados com as suas estratégias e missão.

Oferta de serviços não financeiros

Complementarmente à oferta financeira, alguns destes operadores desenvolvem serviços de valor adicional, sustentados numa estratégia de criação de ecossistemas como marketplaces (mercados virtuais) ou plataformas formativas.

Feito este enquadramento, a perspetiva sobre a banca sustentável é positiva. O Estudo da NTT DATA apresenta casos de uso de sucesso em ofertas com impacto de entidades financeiras de nicho. O desafio está em assegurar condições e alinhamento estratégico para que a Banca Tradicional também aproveite esta janela de oportunidade. Para isso, é essencial que as entidades interessadas em fazer este caminho definam os valores que vão nortear o posicionamento da oferta, identifiquem os produtos e serviços com potencial de upgrade sustentável, assim como oportunidades de inovação verde e, por fim, que experimentem a criação de comunidades e ofertas não financeiras.

Acima de tudo, os bancos devem aproveitar este momento para definir a sua estratégia enquanto elementos catalisadores da mudança junto dos seus clientes particulares e empresas, setores de atividade e comunidades no geral.

  • Inês Leal Didier
  • Business Consulting Manager da NTT DATA

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